A ansiedade era muita, a memória guardava angústias do ano passado e receios para este ano. Recordações de uma noite difícil, de choro constante. Tinha chegado ao edifício a chorar, deixámo-lo com a professora e os coleguinhas na esperança que vendo as outras crianças se acalmasse… aguardamos impacientes mas entrou no palco ao colo da professora, a chorar e de olhar perdido… e assim ficou até sair do palco. Fiquei de coração partido porque apesar de saber que ele tem dificuldade em lidar com certas situações achei que poderia surpreender-nos… correu como temia e culpei-me por o ter levado… ai a culpa! Essa mania que temos de que ela sempre nos pertence!
Portanto, este ano, apesar de ele já estar um pouco melhor no que toca a lidar com situações novas e ambientes com muitos estímulos, receei que tudo se voltasse a repetir… mas tentei esperar pelo melhor e ir falando com ele para ele saber o que esperar.
Chegamos ao edifício e começou a chorar… tentamos acalmá-lo sem sucesso, deixamo-lo ao colo da professora, na esperança que se acalmasse, mas confesso que parecia que estava a viver novamente o mesmo filme… entrou no palco pela mão do professor, a dizer que não queria… e eis que começa a música e ele começa timidamente a dançar! Fui invadida por um orgulho tão grande e não contive as lágrimas, porque sei como estas situações são difíceis para ele e ele conseguiu superá-la. Foram muitas as lágrimas de felicidade, alívio, amor e esperança. E são estes momentos que nos fazem acreditar que não há limites.
Tenho muito orgulho em ti filho!