Badajoz

Badajoz faz parte da região autónoma da Extremadura e situa-se junto à fronteira com Portugal, a cerca de 20 km de Elvas. É atravessada pelo rio Guadiana e situa-se num promontório denominado Cerro de La Muela.

Ironicamente é a cidade com mais população da Extremadura mas é das menos visitadas, embora tenha uma enorme riqueza artística e patrimonial e seja um destino de relevo na Semana Santa e principalmente no Carnaval, considerada uma festa de interesse turístico nacional.

Durante largas décadas muitos alentejanos atravessaram a fronteira, a partir de Elvas, para fazer o famoso contrabando e também muitos espanhóis faziam o caminho no sentido contrário. Elvas e Badajoz possuem uma longa história em comum, feita tanto de batalhas como de solidariedade, como foi o caso notável do período da guerra civil espanhola, em que os portugueses deram abrigo aos espanhóis.

A fundação de Badajoz remonta ao ano de 875 pelo líder militar muçulmano Ibn Marwan, o mesmo que deu o nome à vila de Marvão. Foi uma importante cidade no tempo dos mouros e chegou mesmo a ser capital de uma região que incluía grande parte do território que viria a ser Portugal.

É uma cidade moderna marcada pela passagem de diferentes culturas e pelo seu estatuto de cidade fronteiriça. Badajoz tem a muralha mais extensa de Espanha e a maior alcáçova, de herança árabe, da Europa. Fizemos um passeio pelos principais pontos de interesse da zona antiga e deixo aqui as minhas sugestões!

  • Alcazaba de Badajoz

Alcazaba, Monumento Histórico-Artístico, é o grande monumento da cidade de Badajoz e foi construída na parte mais alta da cidade no séc. XII, tendo sido modificada e complementada pelos distintos governos sucedidos da cidade. É um recinto amuralhado oval, adaptado à forma da colina em que se encontra, e com a estrutura defensiva típica da época: sólidas muralhas, torres defensivas denominadas albarranas (situadas fora da muralha) e um recinto interior no qual se localizava a cidade original.

Entre os numerosos torreões de reforço das cortinas amuralhadas e das torres avançadas de vigilância (torres albarranas), o destaque vai para a Torre da Atalaia ou do Alpéndiz, perto da Porta do Alpéndiz, que se tornou símbolo da cidade de Badajoz.  O seu nome popular de espantaperros (“espanta-cães”) tem origem no som agudo do sino que outrora existia na torre. Ao que consta serviu de modelo (meio século depois) para a construção da Torre del Oro em Sevilha.

É considerada uma das cidadelas mais importantes da Espanha devido ao seu tamanho surpreendente e estado de conservação, mesmo estando em ruínas. Dentro do recinto passeamos pela muralha e desfrutámos das vistas sobre a cidade e o rio Guadiana. De destacar na minha opinião a vista sobre o Convento de San José, um edifício neogótico (surgido no final do século XVIII e inspirado no gótico da Idade Média), e a Plaza Alta.

A Alcabaza conta com três portas principais: Puerta de la Coraxa, Puerta del Alpéndiz e a emblemática Puerta del Capitel que em um capitel romano trazido da cidade de Mérida, incrustado sobre um arco de ferradura pontiagudo, feito à base de silhares de granito. Esta é a porta que dá acesso à Plaza Alta, para onde nos dirigimos de seguida.

 

  • Plaza Alta

A Plaza Alta é a principal praça da parte mais antiga da cidade de Badajoz. Foi outrora o centro administrativo da cidade e aqui se situou a Câmara Municipal (ayuntamento) até 1799. No século XVIII houve uma tentativa de converter a velha praça numa “Plaza Mayor”, fechada, de estilo monumental e com pórticos a toda a volta, semelhante às que se encontram em várias cidades espanholas, pelo bispo Marin de Rodezno. Apenas foi terminado cerca de um terço da obra, que ficou incompleta mesmo depois de ter sido construído parte de mais um dos lados no final do século XVIII. No final do século XIX foi construído na praça um grande mercado. Após um período de abandono em 2004 as fachadas foram restauradas e pintadas de forma a devolver vida a este local. Tornou-se por isso um local de visita obrigatória, com as suas arcadas e o colorido desenho geométrico das fachadas dos edifícios que a rodeiam, ao estilo mudéjar. Ali ficámos um pouco, a fazer o que de melhor há nestas praças, que é aproveitar o sol maravilhoso numa das suas esplanadas!

  • Plaza de La Soledad

O carro ficou ao junto da Alcazaba e continuámos a pé até ao centro da cidade, caminhando pelas ruas. Chegados à Plaza de La Soledad damos de caras com várias joias arquitetónicas.

A bela Ermita de la Soledad foi originalmente construída em meados do século XVII. Durante a Guerra da Independência, a cidade de Badajoz foi sitiada pelas tropas francesas e a ermida recebeu o impacto da artilharia. Mais de um século depois, o mau estado do edifício tornou aconselhável a sua demolição e a construção de uma nova ermida, cuja capela foi inaugurada em 1935 e que abriga a imagem da Virgen de la Soledad, padroeira de Badajoz. A Ermida é coroada com um pequeno templo de tijolo rematado por uma custodia e adornado com belas peças vitrificadas.

Mesmo ao lado da ermida existe um edifício realmente pitoresco, conhecido como La Giraldilla ou La Giralda de Badajoz, que foi construído em meados do século XX para albergar os já extintos Armazéns La Giralda. A torre surpreende por sua beleza e arquitetura neo-árabe de estilo regionalista andaluz, misturando telhas de cerâmica, flores, azulejos, forja e rematado com o Deus Mercúrio, símbolo do comercio. Ocupa o lugar deixado pela primeira Ermida de la Soledad, levantada no século XVII.

Aqui encontra-se também o edifício modernista Las Tres Campanas e o sóbrio Conservatório Superior de Música de Badajoz.

  • Plaza de España

Percorrendo as ruas pedonais chegámos ao coração do centro histórico de Badajoz, a Plaza de España. A Catedral Metropolitana de San Juan Batista de Badajoz é sem dúvida a estrela desta praça cheia de vida. De exterior despojado e sólido, quase parece uma fortaleza, o que se explica pelo facto de ter começado a ser construída fora do recinto amuralhado da Alcazaba. 

Declarada Monumento Histórico-Artístico em 1931, o corpo da igreja foi construído entre a segunda metade do século XIII e o final do século XIV. Um período de tempo muito longo que se deve a uma série de fatores como a pobreza económica, a população relativamente pequena, a inexistência de uma burguesia rica e a sucessão na sede episcopal. Os poucos elementos decorativos revelam uma combinação dos estilos gótico, barroco e renascentista.

O estilo sóbrio do exterior da Sé de Badajoz combina-se, no entanto, com um interior repleto de riquezas. Num estilo gótico tardio, tem uma nave principal e duas laterais, um altar-mor com um retábulo barroco profusamente decorado com pedra e madeiras nobres lavradas e talha dourada, um coro plateresco e um órgão barroco

  • Paseo de San Francisco

Depois da Plaza de España chegámos ao agradável Paseo de San Francisco. Este ocupa a zona onde se situava o antigo convento com o mesmo nome, fundado em 1337, e que mais tarde foi substituído por instalações militares que, por sua vez, deram lugar aos edifícios modernos e institucionais de hoje. A praça inicial é de 1836 e passou por inúmeras reformas, a última em 1999, quando, entre outras coisas, foram recuperados os bancos de tijolo com azulejos comemorativos das façanhas dos conquistadores. Os quiosques com design funcional e moderno e os amplos espaços oferecem um autêntico local de descanso e lazer.

É o principal parque da cidade devido à sua história, localização e uso. Nos seus mais de mil metros quadrados encontram-se bancas de jornais, música e refrescos, jardins, majestosos bancos envoltos em arte, um lago e a azáfama de quase toda a cidade que por ali costuma passar diariamente.

  • Parque Castelar

O Parque Castelar é um autêntico oásis de frescura nos meses quentes de Verão. Localizado no espaço do antigo olival e pomares do convento de Santo Domingo, foi inaugurado em dezembro de 1903 e sua aparência atual deve-se a uma reforma realizada em 1941 após um vendaval que destruiu grande parte do jardim.

As suas palmeiras altas conferem-lhe um ar tropical, com os pavões a passearem livremente. Na parte central existe um lago com patos e pombos e uma estátua da escritora romancista Carolina Coronado, que viveu em Badajoz. O parque infantil fez obviamente as delícias dos miúdos, que aqui se divertiram um pouco.

  • Puerta de Palmas

Considerado um dos monumentos mais emblemáticos da cidade, a Puerta de Palmas foi construída na primeira metade do séc. XVI sobre a antiga cerca medieval, para servir de entrada principal à cidade muralhada. Encontra-se mesmo em frente à Puente de Palmas e é um dos poucos vestígios de uma cidade fortificada.

A fachada voltada para o rio é estruturada por meio de um duplo arco semicircular com caixotões, medalhões e outros elementos decorativos de estilo renascentista como o brasão imperial de Carlos V. A fachada interior possui um corpo anexo que inclui um terraço e um nicho triplo dedicado a Nuestra Señora de Los Ángeles.

  • Puente de Palmas e Hornabeque

Com mais de 500 metros de comprimento, a Puente de Palma é a ponte mais antiga de Badajoz que atravessa o rio Guadiana. Foi construída em 1596 sobre outra ponte que datava de 1460 e que foi destruída por uma forte enchente do rio por volta de 1545. É uma obra de estilo herreriano, solidamente feita em pedra. Tem 32 arcos embora as suas dimensões tenham variado ao longo dos séculos, à medida que foram feitas reconstruções.

A importância estratégica da obra é sublinhada pelas fortificações e defesas dispostas nas suas extremidades. Numa das extremidades encontra-se a Puerta de Palmas e na outra encontra-se uma estrutura defensiva de primeira linha conhecida por Hornabeque, construída no século XVII.

É uma ponte de circulação pedonal e com bonitas vistas sobre o rio e a cidade. A zona junto ao Guadiana está muito bem cuidada convidando a longos passeios.

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