Elvas

A cidade de Elvas pertence ao distrito de Portalegre e fica situada na região do alto Alentejo, junto à fronteira com Espanha, a cerca de  20km de Badajoz. É a maior cidade do distrito e foi outrora a mais importante linha de defesa da nação.

Os primeiros povoadores de Elvas terão sido os Godos e os Celtas, tendo sido conquistada pelos Romanos e mais tarde, em 714, pelos Árabes. Durante séculos foi sendo ali construída uma fortaleza que a defendesse dos ataques fronteiriços. As primeiras fortificações com alguma projeção e dimensão foram construídas pelos Romanos e mais tarde os muçulmanos edificaram um castelo numa das colinas.

No reinado de D. Afonso Henriques (1166) Elvas foi conquistada aos mouros pela primeira vez mas só em 1229 se tornou definitivamente território português por D. Sancho II, que de imediato reedificou o castelo. As muralhas foram sendo remodeladas e acrescentadas pelos sucessivos reis e a vila foi ganhando importância estratégica e uma identidade militar. Em 1513 foi elevada à categoria de cidade por D. Manuel I mas em 1580 foi entregue aos espanhóis por D. Filipe II, a troco de dinheiro. Foi conquistada algumas décadas depois e tornou-se um dos mais importantes bastiões de defesa da independência de Portugal na Guerra da Restauração em 1640. A praça-forte muralhada de Elvas foi depois escolhida para sede do governo militar do Alentejo e tornou-se uma das mais poderosas do país, ficando conhecida como a “chave do reino”. Esta vitória, e outras que se seguiram, ficaram a dever-se a um raro sistema de defesa, complexo e pioneiro, composto pelo maior conjunto de fortificações abaluartadas terrestres do mundo, atribuído ao engenheiro holandês Cosmander e a outros mestres, iniciado no séc. XVII.

Em 2012 Elvas foi classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, classificação que abrange todo o centro histórico, as muralhas islâmicas, medievais e seiscentistas, o Aqueduto da Amoreira, os 2 fortes (de Santa Luzia e da Graça) e os 3 fortins (de São Pedro, de São Mamede e de São Domingos ou da Piedade). Do passado glorioso de Elvas ficou uma herança única, que têm mesmo que conhecer! Carro estacionado e é possível conhecer todo o centro histórico muito facilmente a pé, bem como as muralhas e o aqueduto, para conhecer os fortes e os fortins é necessário ir de carro.

  • Aqueduto da Amoreira

Esta obra gigantesca é um dos cartões de visita da cidade de Elvas. Dirigida pelo arquiteto Fernando de Arruda, autor da Torre de Belém e da Sé de Elvas, teve um papel muito importante no sucesso da defesa da cidade. Foi construído devido a problemas no abastecimento de água, que era feito através de poços dentro das muralhas e fontes nas redondezas e que se tornavam inacessíveis em caso de guerra. Iniciada a sua construção em 1530, só ficou concluída em 1622 devido a dificuldades económicas e técnicas. Tem uma extensão de quase 8 km, sendo que os primeiros 1367 metros são galerias subterrâneas, chegando depois a ultrapassar os 30 metros de altura e possuindo 843 arcos. Abastecia diversas fontes dentro das muralhas tendo sido a Fonte da Misericórdia, situada na Praça 25 de Abril, a primeira a receber água do Aqueduto.

  • Muralhas de Elvas

Embora Elvas mantivesse parte das muralhas medievais, numa altura em que a engenharia militar assumia um papel fundamental na arte das guerras de fogo, a cidade viu-se obrigada a reforçar a sua fortificação para garantir a independência. Exemplo notável da primeira tradição holandesa de arquitetura militar e de planta poligonal, o forte é composto por sete baluartes e quatro meios-baluartes, intercalados por doze cortinas que constituem doze frentes de muralha. O acesso à cidade é feito por três portas duplas (de Olivença, de São Vicente e da Esquina) com decorações bélicas.

A fortaleza dispõe, no seu interior, de inúmeras edificações que correspondem às casas da guarda, paióis, casamatas, dispostas junto aos baluartes e portas de acesso. Na estrutura foram colocados dois fortins em linha avançada, que protegiam as principais entradas na cidade. Mais tarde, estes dois redutos dariam lugar ao Forte de Santa Luzia, edificado em 1648 na entrada sul, e ao Forte de Nossa Senhora da Graça, construído na entrada Norte em 1763.

O conjunto formado por estas três fortificações é considerada uma das maiores fortificações abaluartadas do mundo, compreendendo um perímetro superior a 10Km. São um exemplo original de fortificações do séc. XVII estando muito bem preservadas na sua totalidade.

  • Porta da Esquina e Capela de Nossa Senhora da Conceição

A linda capela de Nossa Senhora da Conceição em azul e branco foi edificada sobre a Porta da Esquina no final do séc. XVII, ao estilo renascentista, para proteção divina da fortificação.

  • Mercado Municipal (Antiga Casa das Barcas)

A Casa das Barcas, construída no início do séc. XVIII e classificada como Monumento de Interesse Público, tinha como propósito a construção e armazenamento de barcas que serviam para atravessar a fronteira espanhola nos rios Caia e Guadiana para apoio das operações militares. Mais tarde, durante as guerras civis do séc. XIX, serviu como prisão política e, a partir de 1823, como teatro. Já no séc. XX foi transformada em sala de cinema e no séc. XXI o edifício foi reabilitado e transformado em Mercado Municipal.

  • Largo da Misericórdia e Rua da Cadeia

Aqui encontramos D. Manuel I, o rei de Portugal que elevou Elvas a cidade, a Igreja da Misericórdia, a Torre Fernandina e o Museu de Arte Sacra.

O edifício e Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Elvas começaram a ser construídos pouco depois de 1502, mas a Igreja ficou apenas concluída por volta de 1566, tendo sido muito modificada por obras dos séculos XVIII e XIX. O hospital da Misericórdia permaneceu neste edifício até ao início dos anos 90 do séc. XX quando se inaugurou o hospital de Santa Luzia. Já em 2006 começaram as obras de adaptação do edifício a Museu de Arte Contemporânea.

A Torre Fernandina, outrora denominada Torre Nova, pertence à segunda cintura árabe e sofreu obras de melhoria no reinado de D. Fernando, no séc. XIV, daí o seu nome. Chegou a ser utilizada como prisão e é possível visitar o seu interior.

  • Praça da República

É a principal praça do centro histórico de Elvas, em calçada portuguesa, com convidativas esplanadas e repleta de monumentos. Aqui fica situada a Igreja de Nossa Senhora da Assunção (antiga Sé), o Posto de Turismo, a Câmara Municipal e a Casa da Cultura.

A Igreja de Nossa Senhora da Assunção é a principal igreja de Elvas e a que rouba toda a atenção pela sua imponência. Foi construída no séc. XVI segundo um projeto atribuído a Francisco de Arruda que trabalhava ao mesmo tempo no Aqueduto da Amoreira. Possui um carácter fortificado, com uma torre como fachada, de estilo original manuelino mas que viria a sofrer várias alterações ao longo dos tempos. Na fachada principal, o pórtico neoclássico impressiona pelo seu tamanho. No seu interior destaca-se o altar em mármore ao estilo barroco, os azulejos dos séc. XVII e XVIII e um soberbo órgão no coro.

Em 1570 com a criação do bispado de Elvas pelo Papa Pio V, a igreja transformou-se na Sé, título que viria a perder em 1881, quando foi extinta a diocese de Elvas.

  • Largo de Santa Clara

Situado nas traseiras da antiga Sé, concentra três importantes monumentos: a Igreja das Momínicas, o pelourinho e o Arco do Dr. Santa Clara ou Porta de Tempra.

A Igreja das Domínicas fazia parte do convento de freiras dominicanas que foi demolido no início do séc. XX, restando apenas a igreja de planta octagonal com bonitos azulejos do séc. XVII.

O pelourinho, sinal de autoridade e exposição, chega a Elvas no séc. XVI, sendo erigido em mármore, ao estilo manuelino, na então denominada Praça Nova (hoje Praça da República). O pelourinho que hoje vemos foi reconstruído em 1940 a partir de uma gravura, já que o monumento original foi destruído em 1872. Foram aproveitadas algumas partes originais e substituídas as desaparecidas.

A ligar o Largo de Santa Clara ao largo da Alcáçova fica o Arco do Dr. Santa Clara, uma construção deste importante erudito do séc. XIX sobre uma porta da primeira cintura árabe cujo nome original era Porta de Tempra, em homenagem a um combate de cavaleiros da Ordem do Templo contra os Mouros, que romperam a muralha por este lado.

  • Rua das Beatas

E o que há melhor do que nos perdermos pelas ruas das cidades? Apenas encontrar a mais bonita! Não podem mesmo perder esta estreita rua empedrada alentejana tão típica, de casario de planta baixa de branco cal, com portas e janelas coloridas, cheia de plantas que quando as flores estão floridas dão ainda mais encanto!

  • Castelo de Elvas

Encontra-se situado no ponto mais alto da cidade e é uma obra islâmica reedificada nos séc. XIII e XIV, tendo beneficiado de consequentes recuperações e alargamentos. Foi palco de importantes acontecimentos da história de Portugal mas a partir da segunda metade do séc. XIX deixou de ter qualquer função militar pelo que foi deixado ao abandono e por isso entrou em declínio e ruína. Foi graças à iniciativa de alguns elvenses que foi restaurado e em 1906 foi declarado o primeiro Monumento Nacional Português. É de entrada gratuita mas tem que se pagar para subir e percorrer as muralhas.

  • Museu Militar de Elvas

O Regimento de Infantaria nº8 (a última unidade que ocupou as instalações) foi extinto em 2006 devido a reestruturação do Exército, pelo que foi criado um espaço museológico e patrimonial.

É um dos maiores museus do País onde, para além da monumentalidade das fortificações e muralha, dos Quartéis do Casarão, do claustro do Convento de São Domingos e da Fonte de São José, podem ser observados  todo um conjunto de elementos de interesse como um Centro de Interpretação do Património e várias viaturas do Exército.

  • Forte da Graça e Forte de Santa Luzia

Estes monumentos militares muito significativos do séc. XVII são dos melhores e mais genuínos exemplos da arte de construção de fortes na Europa e obras primas da arquitetura militar de Elvas. São espaços museológicos e por isso requerem algum planeamento na visita através da consulta dos horários.

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