Marraquexe: roteiro e dicas para descobrir a cidade mais vibrante de Marrocos
Marraquexe, a vibrante Cidade Vermelha de Marrocos, é um daqueles destinos que não se visita apenas: sente-se em cada detalhe. Localizada no coração do país, entre palmeirais e a poucos quilómetros do sopé do Atlas, esta cidade é um verdadeiro festim para os sentidos. O som do chamamento à oração, as cores intensas dos souks, o aroma das especiarias e do chá de menta, a azáfama constante da Medina e os sabores únicos da gastronomia marroquina transformam qualquer viagem a Marraquexe numa experiência inesquecível.
Intensa, caótica e, por vezes, desafiante, Marraquexe não é um destino consensual, há quem se apaixone à primeira vista e quem precise de tempo para se render ao seu ritmo frenético. Mas uma coisa é certa: dificilmente te deixará indiferente. A cada esquina, entre vendedores persistentes, ruas labirínticas e a vida que pulsa na Jemaa el-Fna, descobres um mundo onde tradição e modernidade convivem lado a lado.
Marraquexe é magia, contraste e descoberta. É perderes-te nas ruelas da Medina, negociar nos souks, contemplar um pôr do sol num rooftop ou simplesmente deixares-te envolver pelo caos organizado que a torna única. Se procuras um destino que mistura exotismo, história e autenticidade, Marraquexe será, sem dúvida, uma das viagens mais marcantes da tua vida.
O que vais encontrar neste guia de Marraquexe
História de Marraquexe: a fascinante origem da Cidade Vermelha
Fundada no século XI pelo sultão Youssef ben Tachfin, da dinastia almorávida, Marraquexe nasceu no sopé do Atlas como um oásis no deserto. O engenhoso sistema de irrigação criado nesta época deu vida ao seu famoso palmeiral e transformou a cidade num próspero centro de comércio, cultura e fé. As primeiras mesquitas, madraças e palácios surgiram nesta altura, estabelecendo as bases para aquilo que viria a ser conhecida como a Cidade Vermelha.
Pouco depois, a cidade passou para as mãos dos almóadas, que ergueram novos monumentos e deram a Marraquexe alguns dos seus maiores símbolos, como a Mesquita Koutoubia, cujo minarete inspirou a Giralda de Sevilha e a Torre Hassan, em Rabat. Entre os séculos XIII e XV, a dinastia merínida trouxe um período de declínio, mas a cidade voltaria a brilhar com a chegada dos saadianos, que a transformaram novamente em capital imperial. Desta época datam o esplendor do Palácio El Badi e os famosos Túmulos Saadianos, que ainda hoje deslumbram pela riqueza decorativa.
Já no século XVII, a nova dinastia alauíta retirou a capitalidade a Marraquexe, mas a cidade continuou a ter grande importância política e cultural. Mais tarde, durante o protetorado francês, nasceu a Ville Nouvelle (cidade nova), enquanto a Medina manteve o seu carácter autêntico, reforçando o contraste entre tradição e modernidade.
Após a independência de Marrocos em 1956, Marraquexe tornou-se palco de encontros culturais e artísticos. Nas décadas de 1950 e 1960, atraiu hippies, intelectuais e estrelas do rock e da moda, que encontraram aqui uma fonte de inspiração. Desde então, a cidade tem vindo a afirmar-se como um dos destinos mais fascinantes do Norte de África, um lugar onde cada dinastia, cada época e cada estilo deixaram marcas profundas que ainda hoje se sentem ao percorrer as suas ruas, palácios e jardins.
Tudo o que precisas de saber antes de visitar Marraquexe
Viajar para Marraquexe é mergulhar num mundo de cores, aromas e sons intensos. Mas antes de te deixares perder na magia dos souks ou no encanto da Praça Jemaa el-Fna, há detalhes práticos que podem fazer toda a diferença. Reuni aqui as informações essenciais para planeares a tua viagem de forma simples e segura, desde como chegar até dicas úteis para o dia a dia.
Como chegar a Marraquexe: voos e dicas essenciais
O Aeroporto Internacional de Marraquexe-Menara (RAK) está localizado a poucos quilómetros do centro da cidade, sendo a principal porta de entrada para quem visita este destino vibrante. Muitas companhias aéreas europeias, incluindo as low cost, oferecem voos diretos para Marraquexe, o que torna este destino ainda mais atrativo para escapadinhas ou viagens mais longas.
Uma particularidade importante: neste aeroporto é obrigatório que todos os passageiros apresentem um cartão de embarque impresso e carimbado no balcão da companhia aérea, mesmo que já tenham feito o check-in online, para aceder á zona de segurança. Isto aplica-se sobretudo a companhias como a Ryanair, easyJet e outras low cost. Embora algumas companhias possam facilitar este processo no aeroporto, a forma mais segura de evitar contratempos é levar o cartão já impresso. Como o aeroporto não é muito grande e, além disso, é necessário passar pelo balcão de check-in, este processo pode ser um pouco demorado. Vale a pena chegar com alguma antecedência para evitar preocupações desnecessárias.
Como ir do aeroporto ao centro de Marraquexe
Chegando a Marraquexe, vais encontrar o Aeroporto de Marraquexe-Menara (RAK) localizado a apenas 6 km do centro, agora importa saber como chegar ao coração pulsante da cidade. Tens várias opções, com diferentes níveis de conveniência, conforto e preço:
- Autocarro ALSA 19 – opção económica e prática. O autocarro número 19, operado pela ALSA, faz a ligação direta entre o aeroporto e locais-chave como Jemaa el-Fna, Gueliz e a estação ferroviária. Funciona diariamente, entre as 6h00 e as 23h30, com uma frequência de cerca de 20 a 30 minutos. O bilhete custa cerca de 30 MAD (cerca de 3 €) e permite bilhete de ida e volta por aproximadamente 50 MAD, válido durante duas semanas . É uma opção fácil e económica, mas deves ter em conta que a viagem demora entre 25 a 40 minutos, dependendo do trânsito. Após desembarcar, o autocarro está bem sinalizado junto à saída do terminal de chegadas.
- Táxi – mais rápido e flexível. Se preferes rapidez e conforto, os táxis são uma boa alternativa. Lembra-te de te dirigires à paragem oficial, onde encontras um painel com tarifas recomendadas. Deves negociar o preço antes de entrar, os valores oscilam entre 70 a 100 MAD de dia, podendo chegar aos 150 MAD à noite. Tem em mente que muitas ruas da Medina são pedonais, portanto, o táxi pode deixar-te a uma curta caminhada do destino. Se localizado numa rua estreita, combina uma gorjeta com algum local para te guiar nessa última etapa.
- Transfer privado – conforto sem preocupações. Para uma chegada sem stress, reservar um transfer privado antes de viajar é uma excelente escolha. Ideal se viajas a uma hora tardia, ou simplesmente queres começar com conforto. O preço ronda os 150–250 MAD.
Recomendo verificar a informação atualizada no site oficial do aeroporto.
Deslocações em Marraquexe
Mover-te por Marraquexe pode parecer desafiante à primeira vista, mas rapidamente vais perceber que a cidade tem o seu próprio ritmo, e que a melhor forma de a viver é, muitas vezes, simplesmente caminhando.
Na Medina, o coração histórico de Marraquexe, as ruas são tão estreitas e labirínticas que carros não entram. A circulação está limitada a bicicletas, carroças, motas e carrinhos de carga, por isso vais andar bastante a pé. Mas acredita: é precisamente assim que melhor mergulhas na essência da cidade. Caminhar pela Medina é um espetáculo constante, entre aromas de especiarias, vendedores a chamar-te para os souks e a energia contagiante da Jemaa el-Fna.
Para distâncias maiores ou para visitar locais fora da Medina, como o Jardim Majorelle ou o bairro de Gueliz, a opção mais prática são os petits taxis. São baratos e rápidos, mas atenção: dificilmente vais encontrar um taxímetro ligado. Negociar o preço antes de entrar faz parte da experiência (e da cultura local), por isso não tenhas receio de regatear, é totalmente normal em Marrocos.
E quanto a autocarros ou scooters? Os autocarros locais existem, mas são pouco práticos para quem está de visita: atrasos frequentes, rotas pouco claras e escassa informação em inglês ou francês. Já as scooters podem ser tentadoras, mas só recomendo se tiveres muita experiência. O trânsito fora da Medina é caótico, e a mistura de motas, burros, bicicletas e peões pode tornar a condução uma verdadeira aventura (nem sempre segura).
Onde dormir em Marraquexe: dicas de zonas, riads e hotéis para todos os estilos
Escolher bem onde ficar em Marraquexe pode transformar a tua experiência na cidade. Aqui, o alojamento não é apenas um lugar para descansar: pode ser parte da própria viagem. Desde os tradicionais riads escondidos na Medina até hotéis modernos e luxuosos fora das muralhas, há opções para todos os gostos e orçamentos.
Dormir num riad: a experiência mais autêntica
Se queres sentir a verdadeira alma de Marraquexe, fica num riad. Estas casas tradicionais, muitas vezes antigos palácios árabes, foram transformadas em pequenos hotéis cheios de charme. O coração de cada riad é o pátio interior, com fontes, plantas e, em alguns casos, até pequenas piscinas. Dormir aqui é viver a cidade de uma forma única: acordar com o som da água a correr, desfrutar de um pequeno-almoço tradicional marroquino no terraço e relaxar ao fim do dia com um chá de menta enquanto aprecias a vista sobre a Medina.
⚠️ Atenção: muitos riads estão localizados em becos estreitos e labirínticos dentro da Medina, e alguns podem estar em ruas pouco iluminadas. Para não ter surpresas, verifica sempre os comentários de outros viajantes sobre a localização antes de reservar. E lembra-te: como a maioria não é acessível de carro, muitas vezes vais ter de caminhar um pouco desde a rua principal até ao alojamento.
Melhores zonas para ficar em Marraquexe
- Medina: O coração histórico da cidade e a melhor escolha para quem visita Marraquexe pela primeira vez. Aqui vais estar a poucos passos da icónica Praça Jemaa el-Fna e dos souks mais animados. A maioria das opções de alojamento são riads. É a zona perfeita se queres estar perto de tudo e mergulhar no caos vibrante da cidade.
- Mellah: O antigo bairro judeu, também dentro das muralhas. Mais tranquilo do que a Medina, mas ainda muito autêntico, é uma boa opção para casais ou famílias que procuram proximidade com as atrações sem tanta agitação.
- Kasbah: Situada a sul da Medina, combina autenticidade com um ambiente um pouco mais calmo. Aqui encontras mercados locais, cafés e alojamentos tradicionais. Uma boa alternativa se queres ficar dentro das muralhas mas longe do maior movimento.
- Gueliz: A parte moderna de Marraquexe. Com largas avenidas, lojas, restaurantes internacionais e vida noturna animada, é ideal para quem procura uma experiência mais cosmopolita. Também é aqui que fica o famoso Jardim Majorelle.
- Hivernage: Zona chique e luxuosa, cheia de hotéis de 4 e 5 estrelas, spas e rooftops elegantes. É também uma das áreas mais tranquilas, perfeita para quem procura conforto ou viaja em negócios.
- Palmeraie: Um verdadeiro oásis às portas da cidade, rodeado de palmeirais. É aqui que se encontram muitos resorts e hotéis de luxo com piscina e tudo incluído. Uma excelente escolha para famílias ou para quem procura descanso absoluto.
Dicas finais para escolher alojamento em Marraquexe
- Se for a tua primeira visita, aposta num riad na Medina, de preferência perto da Praça Jemaa el-Fna.
- Para quem procura tranquilidade, Mellah, Kasbah ou Hivernage são boas opções.
- Se viajas com família ou queres hotéis com mais comodidades, considera Palmeraie ou Hivernage.
- Para vida noturna e ambiente moderno, escolhe Gueliz.
Independentemente da tua escolha, em Marraquexe vais encontrar alojamentos para todos os gostos: do charme autêntico dos riads às comodidades de hotéis internacionais. A única certeza é que, seja qual for a zona que escolheres, vais viver uma experiência inesquecível.
Quando visitar Marraquexe: clima e melhores épocas
Marraquexe é um destino que pode ser visitado em qualquer altura do ano, mas a experiência muda bastante consoante a estação. O clima da cidade é, regra geral, quente e seco, mas a amplitude térmica entre o dia e a noite pode surpreender, sobretudo no Inverno. Por isso, escolher a melhor época para visitar Marraquexe depende não só do clima, mas também do tipo de viagem que pretendes fazer.
A Primavera (Março a maio) e o Outono (Setembro a Novembro) são considerados os períodos ideais, quando as temperaturas rondam os 20 a 28 °C, proporcionando dias agradáveis para explorar os souks, jardins e monumentos sem o cansaço provocado pelo calor excessivo.
O Verão (Junho a Agosto), por outro lado, é marcado por temperaturas elevadas que facilmente ultrapassam os 40 °C. Ainda que a cidade continue animada, as caminhadas pelas ruas estreitas da Medina podem tornar-se desgastantes. Se viajas nesta altura, privilegia atividades pela manhã cedo ou ao final da tarde e reserva o período mais quente do dia para descansar num riad ou experimentar um tradicional hammam.
Já o Inverno (Dezembro a Fevereiro) apresenta temperaturas mais suaves durante o dia, geralmente entre os 15 e os 20 °C, mas traz consigo uma forte amplitude térmica. À noite, os termómetros podem descer para os 5 °C ou até menos, o que surpreende muitos viajantes. Apesar disso, os dias são maioritariamente ensolarados e há menos turistas, o que torna esta época interessante para quem procura preços mais baixos em alojamento e voos. Tem em conta que, se o teu roteiro incluir o Atlas ou o deserto, as temperaturas podem cair bastante e até encontrar neve, por isso, é fundamental levar roupa quente.
Outro aspeto a considerar é a época do Ramadão, período sagrado para os muçulmanos, em que não se come nem bebe do nascer ao pôr-do-sol, o que pode alterar o funcionamento de restaurantes e atrações. Embora a cidade continue a receber visitantes, é útil ter em conta alguns ajustes nos horários e no ritmo da vida local durante este período. Como o calendário é lunar, as datas mudam todos os anos, por isso verifica sempre antes de marcar a viagem.
Quantos dias para explorar Marraquexe
Marraquexe é uma cidade vibrante, cheia de vida e contrastes, onde a experiência vai muito além de “ver monumentos”. É sentir o ritmo frenético da medina, perder-se nos souks coloridos e descansar num terraço com vista para os telhados cor de terracota.
Para uma primeira visita rápida, 2 dias em Marraquexe são suficientes para conhecer os principais pontos de interesse. No entanto, o verdadeiro encanto da chamada Cidade Vermelha está em vivê-la sem pressas. O ideal será reservar pelo menos 3 dias inteiros em Marraquexe. Assim, terás tempo não só para visitar os destaques da cidade, mas também para aproveitar os mercados, os jardins e os fantásticos rooftops que fazem parte da sua essência.
Se puderes estender a viagem, melhor ainda: com 4 a 7 dias em Marraquexe, terás a oportunidade de explorar a cidade de forma mais relaxada e até aventurar-te em excursões de 1 dia. A localização privilegiada permite facilmente conhecer as Montanhas do Atlas, visitar o Deserto de Agafay ou até planear uma escapadinha até cidades próximas, como Essaouira.
Informações úteis para visitar Marraquexe
Antes de embarcares nesta aventura, há alguns detalhes práticos que convém conhecer. Da moeda local aos cuidados de segurança, estas dicas vão ajudar-te a aproveitar Marraquexe em pleno e sem imprevistos.
Moeda e pagamentos
A moeda oficial de Marrocos é o dirham marroquino (MAD), mas o euro é largamente aceite em quase todos os estabelecimentos. Ainda assim, o câmbio feito na hora raramente é favorável ao viajante. Foi por isso que, na minha chegada a Marraquexe, optei por trocar apenas uma pequena quantia no aeroporto, suficiente para as primeiras despesas, e depois levantei o restante em caixas multibanco (ATM) na cidade, uma solução prática e mais económica.
Nos hotéis, restaurantes modernos e algumas lojas é possível pagar com cartão, mas dentro da Medina e nos souks é quase sempre necessário usar dinheiro vivo. Por isso, recomendo levantares dirhams assim que possível, seja no aeroporto ou já no centro da cidade.
Se quiseres evitar comissões bancárias elevadas, os cartões como o Revolut (ou semelhantes) são excelentes opções. Caso uses o cartão do teu banco habitual, verifica previamente quais as taxas aplicadas para pagamentos e levantamentos fora da zona euro.
Antes de regressares a casa, lembra-te de trocar os dirhams que te sobrarem, pois dificilmente conseguirás fazê-lo fora de Marrocos.
Requisitos de entrada
Cidadãos portugueses não precisam de visto para estadias até 90 dias. É apenas necessário ter um passaporte válido por pelo menos 6 meses após a data de regresso.
Internet e cartões SIM
Ter internet em Marraquexe é praticamente indispensável, seja para usar mapas, comunicar facilmente ou simplesmente pesquisar onde jantar depois de um dia nos souks. A boa notícia é que existem várias opções práticas e acessíveis para te manteres sempre conectado durante a tua viagem.
O roaming internacional em Marrocos é extremamente caro, por isso a melhor solução é comprar um cartão SIM local logo à chegada ou, se o teu telemóvel for compatível, optar por um eSIM, que te permite começar a navegar assim que aterras.
No Aeroporto de Marraquexe encontras balcões das principais operadoras — Maroc Telecom, Orange e INWI — com pacotes preparados para turistas. Atualmente, os preços rondam: 5 GB por cerca de 50 MAD (~5€) para duas semanas ou 20 GB por 200-220 MAD (~20-22€) para 30 dias. De acordo com viajantes frequentes, a Maroc Telecom costuma ter a melhor cobertura, sobretudo fora da cidade, seguida pela Orange e pela INWI. Para quem apenas vai ficar em Marraquexe, qualquer uma das três funciona bem.
Eu optei por comprar o cartão numa loja já no centro, porque tinha lido que seria mais barato, mas ficar sem internet durante as primeiras horas em Marraquexe fez-me sentir meio perdida nesse tempo e se fosse hoje teria comprado logo no aeroporto: a diferença de preço é mínima e a comodidade de sair já com internet disponível compensa.
Outra alternativa muito cómoda é o eSIM, se o teu telemóvel for compatível. Vários fornecedores (como a Holafly, Airalo ou Nomad) oferecem planos de internet para Marrocos que podes ativar antes mesmo de sair de casa. Os preços são um pouco mais altos do que os SIM locais — rondam os 15-25€ por 10-20 GB — mas a comodidade de aterrar já com internet disponível pode valer a pena.
Segurança
Marraquexe é, no geral, uma cidade segura para viajar. O turismo é uma das maiores fontes de rendimento de Marrocos e o governo investe bastante para manter a segurança dos visitantes. Nas zonas turísticas, como a Medina ou a Praça Jemaa el-Fna, vais sentir-te confortável para passear, mas, como em qualquer destino movimentado, convém usar o bom senso e estar atento a pequenos esquemas.
O mais comum em Marraquexe não são crimes graves, mas sim pequenos esquemas de rua. Alguns exemplos frequentes:
- “Guias” não oficiais que se oferecem para te mostrar o caminho e no final exigem pagamento.
- Pessoas que dizem que a rua está “fechada” e te levam por outro percurso, pedindo dinheiro pela “ajuda”.
- Taxistas que pedem preços muito acima do justo.
- Vendedores insistentes a oferecer produtos ou a tentar levar-te para lojas de amigos.
A melhor forma de lidar com estas situações é simples: um “Non, merci” em francês ou um “La, shukran” em árabe (“Não, obrigado”) dito com firmeza e um sorriso resolvem quase tudo. O segredo é não prolongar a conversa e seguir o teu caminho com confiança.
Na Medina vais ser constantemente abordado por vendedores. É normal e faz parte da experiência de viajar para Marraquexe. Negociar é esperado e até divertido, mas evita mostrar demasiado interesse se não pretendes comprar nada: olhar demasiado tempo para um objeto pode ser interpretado como sinal de compra.
Um dos maiores choques para os visitantes é perceber que, mesmo em ruas estreitas e cheias de gente, as motas circulam em alta velocidade. Caminha sempre atento, mantém-te encostado a um dos lados da rua e dá espaço quando ouvires o som de uma buzina.
Tal como em qualquer cidade turística movimentada, mantém a tua mochila fechada e à frente do corpo, sobretudo na Praça Jemaa el-Fna e nos souks. Evita exibir grandes quantias de dinheiro, jóias ou objetos caros.
Saúde
Marraquexe é um destino vibrante e cheio de experiências gastronómicas, mas convém ter alguns cuidados de saúde para evitar contratempos durante a viagem. As centenas de bancas de comida de rua podem ser tentadoras e, de facto, muitas delas servem pratos deliciosos. No entanto, para quem tem receio de experimentar, uma boa alternativa é fazer um tour gastronómico com um guia local, que conhece os sítios mais autênticos e seguros para provar a verdadeira comida marroquina.
Atenção à água: não é recomendável beber água da torneira, nem sequer usá-la para lavar os dentes. O ideal é optar sempre por água engarrafada, garantindo que a garrafa está devidamente selada antes de abrir. O mesmo cuidado deve ser aplicado às bebidas com gelo, já que este é muitas vezes feito com água da torneira, bem como ao consumo de saladas cruas, gelados, mariscos e carnes mal passadas. A maioria dos problemas de saúde dos viajantes em Marrocos está relacionada precisamente com água contaminada, por isso estas precauções fazem toda a diferença.
Outro ponto essencial para uma viagem tranquila é adquirir um seguro de viagem. Imprevistos acontecem, e ter cobertura para emergências médicas, cancelamentos ou até mesmo extravio de bagagem garante que podes desfrutar de Marraquexe sem preocupações.
Costumes locais
Marraquexe é uma cidade fascinante, cheia de cores, sons e energia, mas é importante ter em mente alguns costumes locais para viver a experiência de forma respeitosa. Fotografar os souks é uma tentação enorme, afinal as lojas de especiarias, candeeiros e olaria são autênticas obras de arte, mas muitos vendedores não gostam que as suas bancas sejam fotografadas sem que se compre algo. Durante a minha viagem, consegui tirar algumas fotos discretas, mas sempre com cuidado para não incomodar ninguém. Sempre que quiserem fotografar os vendedores, o mais adequado é pedir autorização. E uma dica importante: se alguém vos colocar algo em cima (como uma cobra, um macaco ou até um turbante), estejam conscientes de que, ao aceitarem, será esperado que paguem por essa fotografia.
Outro aspeto que pode surpreender é a limpeza. Dentro da Medina, não é raro ver lixo no chão, já que há poucos baldes e muitos comerciantes simplesmente vão deixando o lixo no chão ao longo do dia. É uma realidade menos bonita da cidade, mas cabe-nos também não contribuir para o problema e tentar reduzir o nosso impacto.
Se escolheres ficar hospedado na Medina, lembra-te que podes estar perto de uma mesquita e, dependendo do isolamento do quarto, ouvir o chamamento para a oração logo de manhã. Para alguns viajantes pode ser um choque inicial, mas para muitos faz parte da autenticidade da experiência.
Por fim, lembra-te de que Marrocos é um país muçulmano. Veste-te de forma respeitosa, especialmente em locais religiosos, e evita gestos de afeto em público. O consumo de bebidas alcoólicas é, em geral, proibido, embora alguns hotéis, bares e restaurantes turísticos as sirvam. A negociação faz parte da cultura local e deve ser vista quase como uma tradição: é esperado que regateies nos souks, por isso encara o processo com leveza e bom humor, como parte da experiência de viajar em Marraquexe.
O que ver em Marraquexe: atrações imperdíveis para a tua viagem
Marraquexe é uma cidade onde cada recanto conta uma história. Entre a azáfama dos souks, o movimento da Praça Jemaa el-Fna e a tranquilidade dos seus jardins e palácios, a Cidade Vermelha conquista pela diversidade de experiências que oferece. Dos monumentos históricos aos mercados vibrantes, há lugares que simplesmente não podes perder na tua visita.
De seguida, apresento-te os principais pontos de interesse de Marraquexe, aqueles que melhor refletem a sua essência e tornam qualquer viagem inesquecível.
O coração de Marraquexe
Praça Jemaa el-Fna
A Praça Jemaa el-Fna é o coração pulsante de Marraquexe e o epicentro da sua vida social, cultural e gastronómica. Declarada Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, esta praça já foi, no século XI, palco de execuções públicas, daí o seu nome significar “assembleia dos mortos”. Hoje, é justamente o contrário: um espaço cheio de vida, cores e energia que nunca descansa.
De manhã, a praça apresenta-se mais calma, com vendedores de fruta fresca, sumo de laranja e alguns artesãos. À medida que o dia avança, começa a ganhar vida com músicos, contadores de histórias, tatuadoras de henna e comerciantes de todo o tipo. Mas é ao entardecer que a magia acontece: dezenas de barracas transformam o espaço num enorme restaurante ao ar livre, com o fumo dos grelhados a misturar-se aos sons dos tambores, dos pregões dos cozinheiros e do chamamento à oração.
A experiência não se completa sem apreciar a praça de cima. Os cafés Glacier e de France são os mais procurados para assistir ao pôr do sol enquanto se bebe um chá de hortelã, um momento absolutamente imperdível.
Ainda assim, há cuidados a ter. Aqui tudo se negoceia: uma refeição, uma fotografia, até uma tatuagem de henna. Evita também participar em espetáculos com macacos ou serpentes, por trás das imagens exóticas está o sofrimento dos animais.
Mais do que um ponto turístico, a Jemaa el-Fna é uma experiência sensorial única. Não é apenas um lugar para ver, é um lugar para sentir, e é impossível sair daqui indiferente.
Souks e Medina
A Medina de Marraquexe, classificada como Património Mundial da UNESCO desde 1985, é a cidade velha e o verdadeiro coração da Cidade Vermelha. Um labirinto de ruas estreitas, vielas caóticas e praças escondidas, onde cada esquina guarda uma nova surpresa. É aqui que vais sentir a alma de Marraquexe no seu estado mais autêntico.
No centro da Medina encontram-se os famosos souks, os mercados tradicionais onde tudo se compra e vende. Não visitar os souks é como não ter estado em Marraquexe. A experiência pode ser intensa, caótica até, mas é também uma “loucura maravilhosa”, feita de cores vibrantes, aromas intensos e sons que parecem não ter fim.
É impossível não te perderes, mas esse é o encanto. Com o tempo vais perceber que, no meio do caos, existe uma certa ordem: cada ofício ou produto está agrupado no seu próprio mercado. Há o Souk Semmarine (o maior, dedicado a têxteis), o Souk des Teinturiers (com lã tingida a secar ao sol), o Souk Attarine (especiarias e condimentos), o Souk Smata (sapatos tradicionais), o Souk Cherratin (couro), o Souk Zrabia (tapetes) e tantos outros. Também a Praça Rahba Kedima, conhecida como Praça das Espécies, é um ponto a não perder, com bancas repletas de especiarias coloridas, aromas intensos e artistas de henna natural.
Explorar os souks não é apenas fazer compras. É uma verdadeira imersão cultural. Vais ver artesãos a trabalhar em cobre, madeira, couro ou tecidos com técnicas passadas de geração em geração. Vais cheirar especiarias que nunca viste antes e vais ouvir vendedores a tentar adivinhar a tua língua só para chamar a tua atenção.
No fim, talvez saias com um tapete, uma lanterna ou apenas um saquinho de especiarias. Mas uma coisa é certa: vais levar contigo a memória de um dos mercados mais fascinantes do mundo árabe.
Património histórico e cultural
Madraça Ben Youssef
A Madraça Ben Youssef é um dos monumentos mais impressionantes de Marraquexe e uma paragem obrigatória em qualquer roteiro pela cidade. Fundada no século XIV e ampliada no século XVI, esta antiga escola corânica foi, durante séculos, um dos centros de ensino islâmico mais importantes do norte de África. No seu auge, chegou a acolher cerca de 900 estudantes, distribuídos pelas suas pequenas celas em torno do pátio central.
Entrar na Madraça é mergulhar num mundo onde espiritualidade e conhecimento caminhavam lado a lado. O contraste entre os quartos austeros dos antigos estudantes e a riqueza ornamental do edifício é marcante: paredes cobertas de mosaicos zellige, madeira de cedro trabalhada, estuque esculpido e mármore delicadamente decorado. No centro, o pátio com a fonte é o verdadeiro coração do espaço, convidando-te a parar e a absorver a grandiosidade da arquitetura saadiana.
Hoje já não é uma escola, mas continua a ser um dos locais mais fascinantes de Marraquexe, comparado muitas vezes à Alhambra de Granada ou ao Alcázar de Sevilha pela sua beleza. Ao percorreres os corredores e ao espreitares para o pátio a partir do piso superior, vais perceber porque é que este lugar deixou uma marca tão profunda na história da cidade.
Informações práticas: a entrada custa 50 MAD e a Madraça está aberta todos os dias, geralmente entre as 9h00 e as 18h00.
Museu de Marraquexe
O Museu de Marraquexe (Musée de Marrakech), instalado no elegante Palácio Dar M’Nebhi, é uma paragem essencial para quem quer mergulhar na cultura marroquina fora dos souks e vielas. Este belo edifício, construído no final do século XIX pelo grão-vizir Mehdi M’Nebhi, foi em tempos uma luxuosa residência, mas hoje abre as suas portas como espaço cultural, combinando arte, história e arquitetura.
Ao entrares, vais ver imediatamente o pátio central com fontes decoradas, rodeado de mosaicos e paredes ornamentadas que revelam o esplendor do artesanato marroquino. As salas adjacentes exibem coleções de cerâmica, joias, armas ancestrais berberes, tapetes e objetos tradicionais que contam histórias de povos, crenças e ofícios. É também possível visitar um hammam tradicional adaptado para exposições temporárias, um detalhe que mostra como Marraquexe se reinventa mantendo viva a sua história.
Informações práticas: a entrada custa 70 MAD e o Museu está aberto todos os dias, geralmente entre as 9h00 e as 18h30.
Qubba Almorávida
A poucos metros da Madraça Ben Youssef encontras a Qubba Almorávida (também chamada de Qubba Barudiyine), o monumento mais antigo de Marraquexe e o único vestígio da dinastia almorávida que chegou até nós em bom estado. Foi construída no início do séc. XII, provavelmente em 1117, e permaneceu soterrada durante séculos, até ser redescoberta por arqueólogos franceses em 1947.
A sua função original estava ligada à gestão da água: acredita-se que tenha servido para as abluções dos fiéis antes das orações na vizinha Mesquita Ben Youssef e, possivelmente, como ponto de abastecimento de água para a população. O destaque vai para a sua cúpula octogonal e para os motivos florais e geométricos esculpidos no interior, um testemunho raro da arte almorávida, já que pouco resta desta dinastia em Marraquexe.
Informações práticas: a entrada custa 20 MAD e está aberta todos os dias, geralmente entre as 9h00 e as 18h00.
Palácios e arquitetura imponente
Palácio da Bahia
O Palácio da Bahia é uma obra-prima do século XIX no coração da Medina de Marraquexe, concebido para refletir a riqueza, o poder e o gosto artístico marroquino. Mandado construir pelo vizir Si Moussa nos anos de 1866-1867, o palácio foi depois ampliado pelo seu filho, Ba Ahmed, entre 1894 e 1900, que o transformou num complexo magnífico com cerca de 150 divisões, diversos pátios interiores, jardins luxuriantes e um harém composto por quatro esposas e 24 concubinas.
A decoração combina estuques trabalhados, tetos pintados em madeira de cedro, azulejos coloridos e mármores importados, refletindo a riqueza e o poder da corte. Os portões decorados, as portas de madeira entalhada e os jardins com árvores de fruto criam uma atmosfera serena que contrasta com o ritmo da medina. O Pátio de Honra, o grande pátio central com mármore e fontes, é certamente um dos momentos altos da visita.
As salas estão vazias, sem o mobiliário original que se perdeu ao longo do tempo, e apenas uma parte do palácio é acessível pois a restante está reservada para uso privado. Ainda assim, a beleza da arquitetura e dos detalhes artesanais faz deste um dos locais mais imperdíveis da cidade.
Informações práticas: a entrada custa 70 MAD e está aberto todos os dias, geralmente entre as 9h00 e as 17h00.
Palácio El Badi
Se o Palácio da Bahia impressiona pelos seus detalhes artísticos, o Palácio El Badi fascina precisamente pelo contraste: as suas imensas ruínas. Mandado construir no final do século XVI pelo sultão saadiano Ahmed al-Mansour, foi erguido para celebrar a vitória sobre os portugueses na Batalha de Alcácer-Quibir (também conhecida como Batalha dos Três Reis), que levou ao desaparecimento de D. Sebastião e abriu uma crise de sucessão em Portugal.
O nome El Badi significa “O Incomparável”, e não era exagero: em tempos este palácio contou com mais de 300 salas ricamente decoradas com ouro, mármore italiano, azulejos de Fez e ónix da Índia, tornando-se um dos mais luxuosos de todo o mundo islâmico. No entanto, esse esplendor durou pouco. Já no século XVII, o sultão alauíta Moulay Ismail mandou desmontar o edifício para reutilizar os materiais na sua nova capital, Meknès.
Hoje, pouco resta além das muralhas de adobe e de um enorme pátio central com jardins e lagos, mas a visita continua a ser marcante. Vale a pena explorar as prisões subterrâneas, passear pelas muralhas, observar os ninhos de cegonhas que ocupam as altas paredes e subir até ao terraço panorâmico, de onde se tem uma vista magnífica sobre a medina de Marraquexe.
Informações práticas: a entrada custa 100 MAD e está aberto todos os dias, geralmente entre as 9h00 e as 17h00.
Mesquita Koutoubia
A Mesquita Koutoubia é o grande símbolo de Marraquexe e um dos pontos mais icónicos de todo o país. Construída no século XII pela dinastia Almóada, este é o edifício religioso mais importante da cidade. O seu minarete com 77 metros de altura, visível a quilómetros de distância, marca de forma inconfundível o horizonte de Marraquexe.
O nome “Koutoubia” significa “Mesquita dos Livreiros”, já que, durante séculos, a zona à sua volta foi ocupada por livreiros e vendedores de manuscritos. O edifício atual foi concluído em 1158 e tornou-se um modelo da arquitetura almóada. Aliás, inspirou duas das torres mais famosas do mundo árabe-islâmico: a Giralda de Sevilha e a Torre Hassan, em Rabat.
Tal como acontece com quase todas as mesquitas em Marrocos, a entrada está vedada a não-muçulmanos. Mas isso não retira a grandiosidade da visita: o exterior em arenito rosa, a decoração sóbria e a monumentalidade do minarete fazem da Koutoubia uma paragem obrigatória em qualquer roteiro.
O melhor local para admirar a mesquita é o Parque Lalla Hasna, mesmo ao lado, de onde se tiram algumas das fotografias mais bonitas. Também vale a pena observar a Koutoubia ao final da tarde, quando a luz do sol pinta a torre em tons dourados. E se quiseres sentir o verdadeiro pulsar da cidade, fica por perto na hora da chamada à oração: o som ecoa por toda a medina, criando um ambiente único.
Túmulos Saadianos
Escondidos durante séculos atrás de muros, os Túmulos Saadianos só foram redescobertos em 1917, graças a fotografias aéreas feitas durante o protetorado francês. Hoje são uma das atrações mais visitadas de Marraquexe e um verdadeiro tesouro arquitetónico.
Aqui descansam mais de 60 membros da dinastia Saadiana, que governou Marrocos entre os séculos XVI e XVII, incluindo o sultão Ahmad al-Mansur, o mesmo que mandou erguer o Palácio El Badi. Para construir este luxuoso mausoléu, não se poupou em recursos: o mármore foi importado de Carrara, a madeira de cedro esculpida à mão e muitos dos detalhes chegaram a ser decorados com ouro puro.
A visita conduz-te por um corredor estreito junto à Mesquita Moulay El Yazid até ao complexo funerário, onde se encontram três salas principais. A mais impressionante é a Sala das Doze Colunas, com um teto em madeira de cedro finamente trabalhado e doze colunas de mármore branco a sustentar a cúpula. Ao lado, o Salão dos Três Nichos e o Salão do Mihrab revelam a mesma riqueza decorativa, ainda que em menor escala. No exterior, entre os jardins, alinham-se mais de uma centena de túmulos de servos e soldados, revestidos por mosaicos coloridos.
Apesar de o recinto não ser muito grande, a beleza minuciosa da sua ornamentação faz valer cada minuto de espera. O espaço costuma ter filas, por isso a melhor altura para visitar é logo na abertura ou perto do final do dia, quando o ambiente é mais calmo e silencioso.
Informações práticas: a entrada custa 100 MAD e está aberto todos os dias, geralmente entre as 9h00 e as 17h00.
Jardins e espaços de tranquilidade
Jardim Majorelle
Visitar o Jardim Majorelle é mergulhar num dos lugares mais bonitos e fotogénicos de Marraquexe. Criado pelo pintor francês Jacques Majorelle nos anos 1920 e mais tarde adquirido por Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, este oásis é uma explosão de cores e sensações: o azul Majorelle intenso contrasta com o verde da vegetação, o branco do mármore e o dourado da luz que atravessa as palmeiras.
Entre caminhos sombreados, fontes tranquilas e mais de 300 espécies de plantas vindas de todo o mundo, este jardim é um refúgio de calma no meio do caos da cidade. O antigo atelier de Majorelle acolhe hoje o Museu Pierre Bergé dos Artes Berberes, com uma coleção fascinante de joias, tecidos e arte tradicional Amazigh.
Informações práticas: a entrada custa 150 MAD e está aberto todos os dias, geralmente entre as 8h00 e as 18h30. Para visitar o Museu de Artes Berberes acresce o valor de 30 MAD ao bilhete do jardim. Os bilhetes têm que ser comprados online, através do site oficial, fá-lo com alguma antecedência para garantires o horário pretendido.
Jardim Secreto
No coração da Medina, a poucos minutos da Madraça Ben Youssef, encontra-se o Jardim Secreto: um refúgio verde que permaneceu esquecido durante décadas e que foi reaberto ao público em 2016, após uma profunda restauração. As suas origens remontam ao século XVI, durante a dinastia Saadiana, e o espaço foi reconstruído no século XIX antes de cair novamente em abandono.
Hoje, o Jardim divide-se em duas áreas distintas: um jardim islâmico, inspirado no conceito de “paraíso terrestre”, com caminhos geométricos, fontes e plantas aromáticas, e um jardim exótico, que reúne espécies vindas de diferentes partes do mundo. A torre do antigo riad, acessível mediante bilhete adicional, oferece uma das melhores vistas panorâmicas sobre os telhados da Medina.
Apesar da sua beleza e tranquilidade, muitos viajantes consideram que o espaço é relativamente pequeno e que o preço de entrada é elevado para o que oferece, foi também o que senti, razão pela qual optei por não visitar. Ainda assim, se procuras um canto mais sossegado e menos concorrido do que o Jardim Majorelle, pode ser uma boa alternativa.
Informações práticas: a entrada custa 100 MAD e está aberto todos os dias, geralmente entre as 9h30 e as 18h30. Podes consultar a informação atualizada do site oficial.
Jardins Menara
Os Jardins Menara são um dos refúgios mais emblemáticos de Marraquexe, situando-se a oeste da Medina, quase ao sopé das Montanhas do Atlas. Criados no século XII pelo califa Almóada Abd al-Mu’min, foram concebidos como pomar e espaço irrigado, com olivais e hortas que se beneficiavam de um sistema hidráulico alimentado pelas montanhas. O coração do lugar é um lago refletor que alimenta os pomares, e no seu centro ergue-se um pavilhão de estilo saadino, cujas bases históricas remontam a eras anteriores, mas que ganhou a forma atual numa reconstrução em 1866.
Circular pelos caminhos sombreados entre oliveiras centenárias e apreciar a fachada verde do pavilhão refletida nas águas calmas cria uma atmosfera de serenidade difícil de encontrar na agitação da medina.
É nos primeiros momentos da manhã ou no fim de tarde, quando a luz suaviza o cenário, que Menara se mostra no seu esplendor mais mágico, com as silhuetas do pavilhão e das oliveiras contrastando com o horizonte e as Atlas ao longe.
Informações práticas: o acesso aos jardins é gratuito mas a entrada no pavilhão custa 70 MAD e está aberto todos os dias, geralmente entre as 8h00 e as 18h00.
Palmeiral de Marraquexe
A cerca de 10 km a norte da cidade, estende-se o Palmeiral de Marraquexe (Palmeraie), um vasto espaço natural com mais de 6.000 hectares e cerca de 100.000 palmeiras. Segundo a lenda, a sua origem remonta ao século XII, quando os soldados almorávidas acamparam nesta zona trazendo tâmaras para se alimentar. As sementes caídas ao solo acabariam por dar vida a esta imensa floresta de palmeiras, que hoje constitui uma das paisagens mais emblemáticas da região.
Apesar do impacto do turismo e da construção de complexos hoteleiros e mansões privadas que reduziram significativamente a sua área original, o Palmeiral continua a ser um local marcante, capaz de oferecer um contraste entre a aridez do deserto circundante e o verde característico das palmeiras.
Atualmente, o espaço é muito procurado para atividades ao ar livre, sobretudo passeios de quadriciclo ou buggy, que atravessam trilhos de areia e aldeias berberes, muitas vezes com paragens para saborear um chá tradicional. Também é possível encontrar passeios de camelo, embora não sejam recomendados devido às preocupações com o bem-estar animal.
O Palmeiral pode ser visitado de forma independente, apanhando um táxi desde o centro de Marraquexe, ou através de excursões organizadas que incluem transporte e guia, geralmente com atividades desportivas incluídas.
História viva da cidade
Muros de Marraquexe
A Medina de Marraquexe está rodeada por uma impressionante muralha de cerca de 15 km de extensão, construída em adobe e barro vermelho no século XII para proteger a cidade. Com uma altura média de 10 metros, estas paredes imponentes mudam subtilmente de cor ao longo do dia, refletindo as diferentes tonalidades da luz, e são hoje um dos símbolos mais marcantes da identidade da Cidade Vermelha.
Ao longo da muralha, abrem-se vários portões monumentais que, durante séculos, serviram como principais pontos de entrada na cidade. Entre eles destaca-se o Bab Agnaou, considerado o mais belo e imponente, erguido no tempo dos almóadas. Decorado com inscrições e baixos-relevos, era originalmente a porta cerimonial de acesso ao bairro real. Também merecem menção o Bab el Koutoubia, junto à famosa mesquita, o Bab Doukkala, o Bab el Robb e o Bab el Debbagh, cada um com a sua importância histórica e estética.
Bairro Mellah (antigo bairro judeu)
O Mellah de Marraquexe, conhecido como o antigo bairro judeu, é uma das áreas mais autênticas e menos exploradas da Medina. A sua origem remonta ao século XVI, quando, após a expulsão dos hebreus da Península Ibérica, muitos judeus encontraram refúgio em Marrocos. Em Marraquexe formou-se então uma das maiores comunidades judaicas do Norte de África, deixando marcas profundas na identidade cultural e histórica da cidade.
Embora hoje a presença judaica seja apenas testemunhal, caminhar pelas ruas do Mellah é viajar no tempo. Entre as suas principais atrações destacam-se a Sinagoga Al Azama, ainda em funcionamento, e o Cemitério Judaico Miara, considerado o maior cemitério hebraico de Marrocos, onde milhares de lápides simples em pedra branca recordam séculos de história.
O acesso ao bairro faz-se pela pitoresca Praça des Ferblantiers, localizada a cerca de 15 minutos a pé da famosa Praça Jemaa el-Fna. Diferente dos movimentados souks da Medina, aqui o ritmo é mais tranquilo: as ruas estreitas escondem mercados locais, incluindo o tradicional Souk das Especiarias, onde os preços costumam ser mais acessíveis do que no centro.
Experiências imperdíveis
Hammam tradicional: o ritual de bem-estar mais autêntico
Depois de um dia a explorar o ritmo intenso da Medina, não há melhor forma de terminar do que com um ritual de bem-estar profundamente enraizado na cultura marroquina: o hammam. Estes tradicionais banhos árabes são muito mais do que um simples momento de relaxamento, fazem parte da vida social e espiritual do país, representando um verdadeiro ritual de purificação do corpo e da mente.
A experiência começa com o calor do vapor, que abre os poros e prepara a pele para a esfoliação com o famoso sabonete negro e a luva kess. Segue-se uma massagem vigorosa com óleos perfumados, que deixa o corpo leve e revigorado. É um momento de pausa, de autocuidado e de imersão cultural, onde o tempo parece abrandar.
Em Marraquexe, encontrarás hammams para todos os gostos: dos mais tradicionais aos mais modernos e luxuosos. Se quiseres uma experiência autêntica, visita um hammam local na Medina, onde o ritual se mantém fiel às origens. Um dos mais recomendados é o Les Bains de l’Alhambra, conhecido pela sua hospitalidade e ambiente genuíno.
Dica: Nos hammams públicos deves levar o teu próprio sabonete, luva e toalha. Já os espaços turísticos e mistos oferecem pacotes completos com todos os produtos e tratamentos incluídos.
Melhores excursões desde Marraquexe
Se estás a planear a tua viagem a Marraquexe e vais ficar mais do que três dias, aproveita para descobrir os arredores da cidade. A poucos quilómetros da Medina, há paisagens completamente diferentes que mostram o outro lado de Marrocos: desde o silêncio do deserto às aldeias berberes nas montanhas do Atlas, passando por cidades costeiras com um charme único.
Fazer uma excursão a partir de Marraquexe é uma excelente forma de conhecer a diversidade natural e cultural do país. Existem opções para todos os gostos e orçamentos: desde passeios de um dia, ideais para quem quer apenas uma escapadinha rápida, até viagens de vários dias pelo deserto, perfeitas para os mais aventureiros.
Estas experiências permitem-te ver um Marrocos mais autêntico, longe do ritmo intenso da cidade, e regressar a Marraquexe com uma nova perspetiva.
Deserto de Agafay: experiência desértica a menos de 1 hora de Marraquexe
A cerca de 30 km da Medina, o Deserto de Agafay é uma das excursões mais acessíveis e fascinantes a partir de Marraquexe. Em menos de uma hora de carro, a paisagem muda drasticamente: o cenário urbano dá lugar a um deserto rochoso, pontuado por colinas áridas e pela silhueta imponente das montanhas do Alto Atlas ao fundo.
Embora não possua as grandes dunas douradas do Saara, o Deserto de Agafay tem um encanto próprio: o silêncio, a luz dourada do entardecer e o horizonte infinito criam uma atmosfera mágica. É o destino ideal para quem quer sentir o espírito do deserto sem enfrentar longas horas de viagem.
Entre as experiências mais populares estão os passeios de quadriciclo ou jipe 4×4, os passeios de camelo ao pôr do sol e os jantares tradicionais sob um céu estrelado, em acampamentos que combinam conforto e autenticidade. Algumas excursões incluem ainda contacto com comunidades locais e paragens em pequenos oásis com eucaliptos, oliveiras e videiras, uma lembrança viva das antigas rotas comerciais que atravessavam a região.
Dica: o Deserto de Agafay é perfeito para uma escapadinha de meio dia ou para uma noite diferente fora da cidade. Há várias opções de tours que incluem transporte, refeição marroquina típica e alojamento em haimas tradicionais ou tendas de luxo.
Vale de Ourika: um refúgio verde no coração do Atlas
A pouco mais de uma hora de Marraquexe, o Vale de Ourika é um dos destinos naturais mais encantadores e autênticos de Marrocos. Situado nas encostas do Alto Atlas, este vale revela uma paisagem deslumbrante onde se misturam montanhas imponentes, aldeias berberes e o som constante do rio Ourika que serpenteia pelo vale.
Ao longo do percurso, é possível visitar mercados locais — como o de Ourika (à segunda-feira) e o de Aghbalou (à quinta-feira) —, entrar numa típica casa berbere para provar o tradicional chá de menta e, claro, explorar a aldeia de Setti-Fatma, ponto de partida para as famosas cascatas da região. O trilho mais acessível conduz à primeira cascata, um cenário idílico onde a água gelada contrasta com a serenidade das montanhas e o verde da vegetação.
Embora seja uma das excursões mais populares desde Marraquexe, o Vale de Ourika mantém um encanto genuíno e uma atmosfera tranquila, ideal para quem procura natureza, cultura local e um contacto mais próximo com a vida berbere.
Cascatas de Ouzoud: um espetáculo da natureza
A cerca de 150 km de Marraquexe, as Cascatas de Ouzoud são um dos lugares mais mágicos e impressionantes de Marrocos. Situadas entre o Médio e o Alto Atlas, estas quedas de água com mais de 100 metros de altura formam um cenário digno das Mil e Uma Noites, rodeado por vegetação exuberante e pelas aldeias berberes que pontuam o caminho até lá.
A viagem, que demora cerca de três horas, é uma experiência em si: atravessando paisagens áridas, vales férteis e pequenas comunidades locais. Ao chegar, o som da água a cair e o frescura do ambiente fazem esquecer o calor do deserto. No sopé da cascata, forma-se uma piscina natural perfeita para um mergulho refrescante, e nas encostas circundantes é comum ver os macacos-de-gibraltar em total liberdade.
Há ainda pequenos restaurantes e cafés com vista para as cascatas, ideais para saborear um tagine tradicional enquanto se aprecia este espetáculo natural. É um local que combina aventura, tranquilidade e beleza, o que revela a riqueza e diversidade das paisagens marroquinas.
Essaouira: a cidade azul e branca junto ao Atlântico
A pouco mais de duas horas de Marraquexe, Essaouira é uma das cidades mais encantadoras de Marrocos. Conhecida como a “pérola do Atlântico”, conquista à primeira vista com as suas casas brancas de janelas azuis, muralhas imponentes e uma atmosfera descontraída que contrasta com o ritmo intenso da Medina de Marraquexe.
Classificada como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, Essaouira é o destino ideal para quem procura combinar cultura, história e mar. Aqui, vale a pena passear pela Medina e pelas muralhas, observar o movimento no porto com os barcos azuis típicos e saborear peixe e marisco fresco num dos restaurantes locais. Ao fim do dia, o pôr do sol sobre o Atlântico pinta a cidade de tons dourados, um cenário inesquecível.
Essaouira é também um refúgio perfeito para quem aprecia arte e música: a cidade respira criatividade, com várias galerias, mercados e o famoso festival Gnaoua, que celebra a música tradicional marroquina.
Ouarzazate: a porta do deserto e o cenário de grandes filmes
Ouarzazate, conhecida como a porta de entrada para o Deserto do Saara, é uma cidade rodeada por impressionantes Kasbahs (fortalezas tradicionais de barro) e uma das excursões mais fascinantes a partir de Marraquexe. Embora a cidade possua o Kasbah de Taourirt, o mais conhecido é o vizinho Ait Ben Haddou, uma vila de barro e adobe situada numa paisagem árida e rochosa que parece parada no tempo.
Este local, ainda habitado e classificado como Património Mundial da UNESCO, serviu de cenário a grandes produções cinematográficas como Gladiador ou Lawrence da Arábia.
Nas proximidades, é também possível visitar os Estúdios Atlas, apelidados de “Hollywood do deserto”, onde foram filmados títulos como A Múmia, Guerra das Estrelas, Alexandre o Grande ou O Reino dos Céus.
Situa-se a cerca de 200 km de Marraquexe, mas a travessia da cordilheira do Atlas torna a viagem longa e sinuosa, demorando cerca de 5 horas.
Deserto de Merzouga: a imensidão das dunas do Saara
Localizado no coração do Saara, o maior deserto quente do mundo, o Deserto de Merzouga é uma das excursões mais fascinantes que se pode fazer a partir de Marraquexe. É aqui que se encontram as dunas de Erg Chebbi, conhecidas pela sua imponência e pelos tons dourados que mudam ao longo do dia.
Nesta região, é possível explorar o deserto em veículos 4×4, passear de camelo pelas dunas e passar a noite num acampamento tradicional, sob um céu estrelado impossível de esquecer.
Embora seja uma experiência inesquecível, é importante planear bem: a viagem desde Marraquexe pode ultrapassar as 9 horas, por isso o ideal é reservar pelo menos 3 dias para esta aventura. Evita os meses de julho a setembro, quando as temperaturas atingem os valores mais altos, e leva sempre roupa confortável, protetor solar e um casaco para as noites frias.