Não sou mimado, mal educado nem estranho, tenho autismo!

O nosso cérebro é uma coisa fantástica, é o que nos permite experienciar a vida de determinada forma e é incrível a capacidade que tem de criar. Em poucos segundos de observação criamos toda uma história na nossa cabeça, mas muitas vezes assumimos como verdadeiro aquilo que nem sempre o é. Um primeiro contacto com outra pessoa é suficiente para formarmos uma opinião sobre aquilo que ela é e o que faz, mas muitas vezes não nos damos a oportunidade de tentar perceber se haverá algo mais para além daquilo que se vê. É muito fácil julgar e muitas vezes acabamos por nos enganar… quem nunca?!

O meu filho chora quando não tem o que quer ou quando não fazemos o que ele quer, ou simplesmente quando mudamos de ambiente, quando acontece algo que não está planeado, quando está frustrado e inseguro. Não, não são apenas birras e ele não é mimado, ele tem autismo e por isso tem dificuldade em lidar com a mudança, tem dificuldade em lidar com as emoções, em reconhecê-las e exprimi-las, tem dificuldade em perceber o que é esperado e o que vai acontecer a seguir, tem dificuldade em lidar com o desconhecido e em processar todos os novos estímulos.

O meu filho não responde quando lhe fazem perguntas e muitas vezes não faz o que lhe é pedido. Não, o meu filho não é mal educado, ele tem autismo e tem dificuldades na linguagem, tem dificuldade em perceber o que lhe é pedido e tem dificuldade em elaborar as respostas. Tem dificuldade em entender as regras sociais e não sabe muito bem o que é esperado dele na interação com os outros.

O meu filho passa o tempo a correr, a saltar e a dizer frases sem sentido. Não, o meu filho não é estranho, ele tem autismo e o movimento acalma-o e é uma forma de o seu corpo regular a resposta a todos os estímulos que recebe. Ele repete vezes sem conta as falas dos seus desenhos animados preferidos, é como se os estivesse a ver, no seu ambiente seguro.

O desafio que eu deixo é que tentem não julgar tanto, tentem perceber se existe mais para além daquilo que conseguem ver, só por um pouco, e talvez sejam surpreendidos!

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