O autismo do Tiago é de causa genética, ele tem uma alteração num gene que é responsável pela forma como interage com o mundo, bem diferente da maioria. Essa alteração genética dita a forma como ele processa, lida e responde aos estímulos. Portanto o Tiago tem o rosto longo, o nariz arredondado, os olhos azuis, o cabelo castanho e tem autismo. Simplesmente faz parte dele e sempre fará, e isso é algo que não podemos mudar.

No entanto, sabemos que não somos apenas fruto do nosso genoma e que o meio externo tem uma grande influência naquilo que somos, portanto a intervenção que fazemos, as terapias, os estímulos e a forma como nós próprios (os pais) lidamos com as situações, interfere muito na forma como ele se vai desenvolver, na forma como ele vai desenvolver estratégias para lidar com as suas limitações e na forma como ele se vai adaptar ao “nosso” mundo.

Inicialmente todo o processo foi muito complicado, o Tiago não falava, não estabelecia grande contacto visual, pouco se interessava pelo que o rodeava e não conseguia regular as suas emoções. Foram semanas e semanas de terapia e muito trabalho em casa até começarmos a ver alguns resultados. Muitas vezes desesperava e achava que o que estava a fazer não valia a pena, mas no dia seguinte recomeçava de novo e finalmente, um dia, os resultados começaram a aparecer.

A sua evolução tem sido tremenda e acaba por acontecer por ciclos, há alturas em que é mais notória e quase todos os dias nos presenteia com algo novo, mas também há alturas em que tudo parece que estagnou, nada de novo acontece e há dias que até parece que temos pequenos retrocessos. Mas não podemos desanimar, gosto de pensar nesses períodos como alturas em que ele está a consolidar o que aprendeu e a tentar assimilar novas coisas, para mais tarde, quando menos esperarmos, nos surpreender com mais uma grande conquista!