O meu filho não dá abraços mas sorri como ninguém
O Tiago sempre teve dificuldade em lidar com os sentimentos, em reconhecê-los e obviamente em expressá-los. O choro sempre foi o principal meio de comunicação e durante muito tempo percebíamos o que se passava com ele através de um pouco de “adivinhação”. Aprendemos com o tempo a reconhecer certos sinais que nos dão pistas sobre como ele se está a sentir e, embora ele seja verbal, a linguagem dele é muitas vezes pouco funcional e serve mais para coisas básicas (como sim/não, quero/não quero e um sem número de falas decorados dos desenhos animados).
Antes de perceber que algo de diferente se passava com ele cheguei a ter momentos em que duvidava do amor dele por mim, o contacto visual era reduzido e não havia grandes manifestações desse amor de filho, como por exemplo o abraço… ah! O abraço! Nunca percebi a falta que sentia dele até ter começado a receber os abraços do irmão! O abraço consegue ser tão reconfortante! Cheguei portanto a pensar que se calhar não era uma boa mãe…
O diagnóstico chegou e com ele algum conforto porque me permitiu compreendê-lo melhor. Se trouxe consigo muita dor e incerteza, trouxe também alguma calma e apaziguou este coração de mãe que tinha tantas dúvidas! Aceitamos o inevitável e transformamos a nossa realidade no melhor que conseguimos, todos os dias tentamos dar o nosso melhor e tentamos que também ele dê o seu melhor.
Percebi que não há abraços, não há olhares que falam, mas há definitivamente um sorriso que nos diz mais do que tudo, há um sorriso que nos toca na alma e nos aquece o coração! Garanto-vos que ninguém tem um sorriso como o dele, um sorriso que fale tanto!