Pela província de Huelva

Situada na região oeste da Andaluzia, no sul da Espanha, e banhada pelo Oceano Atlântico, Huelva é abençoada com quilómetros de praias intocadas de areia dourada que fazem parte da região costeira conhecida como Costa de la Luz.
A cidade de Huelva não é das capitais de província que mais atrai a atenção dos viajantes, não se destaca pela sua beleza nem tem o glamour de outras cidades espanholas, mas tem um ambiente acolhedor e amigável e é um ótimo ponto de partida para conhecer os encantos desta região.
Huelva é das cidades mais antigas do país e teve grande importância no descobrimento das “Américas”, pois foi da sua costa que Cristóvão Colombo e sua tripulação partiram para explorar o Novo Mundo.
Durante a Revolução Industrial e graças ao boom da mineração, a população de Huelva aumentou, bem como a sua qualidade de vida. Aqui podemos encontrar o Parque Mineiro Rio Tinto onde é possível fazer visitas.
Mas esta região tem muito mais para oferecer, para além das praias de areia dourada e água cristalina, tem fantásticos castelos da época medieval, diversidade natural e paisagística inigualável, a peregrinação mais famosa de Espanha e uma rota pela descoberta da América.
Mas comecemos pela cidade de Huelva, onde ficámos alojados. A verdade é que Huelva não possui um extenso património histórico mas conseguiu aliar o seu poder industrial a uma certa beleza arquitetónica mais contemporânea.
- O que ver e fazer na cidade de Huelva
Começamos a visita no seu centro histórico, na movimentada Plaza de las Monjas, onde se encontra a estátua de Cristóvão Colombo. Com inúmeros bares e restaurantes, é o centro nevrálgico da cidade. Daqui sai a Avenida Martín Alonso Pinzón, conhecida como Gran Vía, que nos brinda com bonitas fachadas.
Outro dos lugares a visitar é a Catedral de la Merced do início do séc. XVII, localizada na Plaza de la Merced.
Na Plaza del Punto encontra-se o monumento à Virgen del Rocío e a casa Cólon, atualmente usada como palácio de congressos e centro de exposições.
Outros locais de interesse são o Museu Huelva, a Iglesia de la Concepción, o Convento de las Agustinas, o Mercado Carmen ou o Parque Mayor Juan Ceada.
Para terminar o dia nada melhor do que assistir ao pôr do sol no Muelle del Tinto. Este foi um cais projetado por arquitetos ingleses e construído em 1874, que se encontrava no final da linha férrea que ligava as minas de Riotinto a Huelva. Tem uma extensão total de 1165 metros, dos quais 500 estão localizados no rio Ordiel. Em 1975 deixou de ser usado mas entretanto tornou-se uma das principais atrações turísticas de Huelva constituindo um lugar fantástico para passear.
- Palos de la Frontera
A apenas 15km de Huelva encontramos a paragem mais importante da Rota Colombiana – uma rota pelos lugares visitados por Cristóvão Colombo antes de partir para o Novo Mundo. Cristóvão Colombo e os irmãos Pinzón deixaram Palos de la Frontera a 3 de Agosto de 1492 em 3 barcos. O objetivo da expedição era encontrar uma nova rota para chegar às Índias, mas sem saber, acabaram por descobrir um novo continente a 12 de Outubro de 1492, a América.
Um dos locais mais importantes da Rota Colombiana é o Mosteiro de Santa Maria La Rábida. Situado nos arredores de Palos de la Frontera é um mosteiro franciscano do séc. XIV declarado Monumento Nacional em 1856 e tem características góticas e mudéjares. Cristóvão Colombo ficou aqui alguns anos antes da sua grande viagem e o apoio dos monges foi fundamental para convencer os Reis Espanhóis a financiarem a expedição. É também aqui que estão os restos mortais de Martín Alonso Pinzón, um dos irmãos Pinzón, marinheiro, que forneceu os navios a Colombo e o acompanhou na viagem.
O Muelle de las Carabelas fica muito perto do Mosteiro, junto ao rio Tinto, e aqui se encontra um encantador museu. Fundado em 1994, para comemorar os 500 anos da descoberta de Colombo, tem como protagonistas as réplicas em tamanho real do navio Santa Maria e das caravelas Pinta e Niña. Ao redor do cais estão também recriados outros ambientes da época como o bairro medieval (que nos mostra a vida no séc. XV) e a ilha do encontro (que nos mostra a vida indígena do outro lado do oceano). O grande terramoto de Lisboa de 1755 alterou a configuração da costa e o porto desta vila perdeu a proeminência que tinha há 500 anos, sendo agora uma zona interior.
A Igreja de San Jorge Mártir, de estilo gótico mudéjar, testemunhou a leitura de proclamação realizada pelos Reis Católicos permitindo que a tripulação fosse alistada para os navios de Colombo. A apenas 300m fica um charmoso espaço verde chamado Parque de la Fontanilla, em homenagem à fonte mudéjar do séc. XIII que forneceu água para os navios de Colombo.
Por fim, encontramos a casa Museu Martín Alonso Pinzón, uma casa de estilo renascentista onde viveram os irmãos Pinzón, ilustres marinheiros que acompanharam Colombo na expedição. A casa data do séc. XV, conserva parte do piso original e o pátio andaluz com adega. O museu contém documentos e objetos relacionados com a família Pinzón.
Outros locais de interesse em Palos de la Frontera são a Plaza de España, a Calle Andalucía e a Câmara Municipal, um curioso e colorido edifício cuja fachada foi inaugurada em 2017 por ocasião do 525º aniversário da descoberta da América.
Perto do mosteiro de La Rábida está também o Monumento aos Descobrimentos, uma coluna branca repleta de cenas esculpidas referentes à colonização americana. E temos ainda o Parque Botânico José Celestino Martins, um local sossegado com 12 hectares e uma vasta coleção de espécies de plantas, lagos, peixes e anfíbios.
- El Rocío
El Rocío, uma pitoresca aldeia, assente sobre areia, que pertence ao município de Almonte, é conhecida sobretudo por dar origem à maior festa religiosa de Espanha, a romaria de El Rocío. Este é um dos povoados andaluzes com mais identidade própria: as ruas não são pavimentadas e suas casas brancas têm portais que incluem postes de madeira para amarrar os cavalos e estábulos à entrada, já que este é o meio de transporte mais utilizado pelos seus habitantes.
A aldeia tem como protagonista o Santuário de Nuestra Señora del Rocío que recebe todos os anos em Maio cerca de um milhão de pessoas em peregrinação.
Mesmo ao lado encontramos o Parque Nacional de Doñana, declarado Reserva da Biosfera e Património da Humanidade pela UNESCO.
- Niebla
Passear pelas ruas de Niebla é recordar um passado intrinsecamente ligado aos muçulmanos. Com um riquíssimo conjunto arquitetónico, o seu castelo medieval da época romana impressiona, apesar de ter sofrido inúmeras reformas ao longo dos anos e de ter ficado deteriorado após o terramoto de Lisboa. Achámos a visita muito interessante, com salas onde encontramos placares interativos que contam a história do castelo e de Niebla, mas o ponto alto é sem dúvida a subida à Torre del Homenage (a entrada são 4€, até aos 8 anos é gratuito).
No entanto, é a muralha árabe que ocupa o centro das atenções, com os seus 2km que fecham completamente o perímetro da cidade, mais de 40 torres, 5 portas de acesso e trechos que ultrapassam os 15 m de altura. É o recinto amuralhado mais bem preservado da Europa e um lugar que sem dúvida nos surpreendeu!
Niebla possui ainda jóias góticas como a Igreja de Santa María de la Granada e a Igreja de San Martín, ou o que resta desta última, já que no início do séc. XX foi construída uma nova via de acesso ao centro urbano que passava exatamente pelo corpo central da igreja, pelo que ficou dividida em duas partes.
Encontramos ainda uma charmosa ponte, a Ponte Romana sobre o rio Tinto é uma das mais bem preservadas da Península Ibérica e continua ainda hoje a permitir a passagem de veículos.
- Praias de Huelva
A costa de Huelva possui cerca de 100 km de praias, que vão desde a Isla Canela, junto a Portugal, passando por Isla Cristina, Islantilla, La Antilla, Punta Humbria, Mazagón e Matalascañas.
Das que visitámos a nossa preferida foi a praia de Cuesta Maneli, localizada entre Mazagón e Matalascañas, no coração do Parque Nacional de Donaña. O acesso à praia é feito através de um passadiço de madeira com 1371 metros que foi reconstruído em 2017 após um incêndio, e que atravessa o Monumento Natural do Penhasco de Asperillo, um impressionante sistema de dunas fósseis que se estende ao longo de doze hectares de costa. No final do passadiço existe um miradouro e umas escada de acesso à praia que é um verdadeiro paraíso de tranquilidade. O estacionamento é pago (3€, independentemente do tempo que vão ficar) e o passadiço não tem sombras, pelo que se torna complicado fazer com muito calor. A praia não tem infraestruturas de apoio.