Turim: o essencial para a tua visita

Conhecida pela sua elegância discreta, pela história ligada à Casa de Sabóia e por ser berço de algumas das maiores delícias italianas, Turim é uma cidade que surpreende quem a visita. Neste artigo encontras tudo o que precisas para explorar o melhor que a capital do Piemonte tem para oferecer — desde monumentos imponentes a cafés históricos, passando por museus únicos e recantos cheios de charme.

Turim foi a primeira capital da Itália unificada — uma cidade de múltiplas camadas, onde a elegância se cruza com a inovação. Rica em história, cultura e tradição industrial, é conhecida como a “pequena Paris” pelas suas avenidas largas, praças elegantes, cafés históricos e uma arquitetura que impressiona à primeira vista.

Localizada na região do Piemonte, no norte do país e abraçada pela imponência dos Alpes, Turim é a quarta maior cidade italiana, depois de Roma, Milão e Nápoles. O seu passado é milenar: nasceu como colónia do Império Romano e ganhou o título de “Cidade Real” ao tornar-se capital do Reino de Sabóia — uma das mais antigas casas reais da Europa. Foi justamente essa dinastia que liderou o processo de unificação italiana em 1861, tornando Turim a primeira capital do novo país até 1865.

Mas a história não parou aí. Após a Segunda Guerra Mundial, Turim reinventou-se como motor da economia italiana, graças à indústria automóvel e à gigante FIAT, cuja sede ainda hoje marca a paisagem urbana. A cidade foi também palco de importantes capítulos do cinema italiano e continua a ser um dos polos culturais mais vibrantes do país.

Hoje, Turim combina o passado nobre com uma vibração moderna. É um destino onde museus de classe mundial convivem com arte urbana, onde se saboreiam pratos tradicionais ao som de concertos contemporâneos. E para os apaixonados por desporto, aqui joga a lendária Juventus, um dos clubes mais reconhecidos da Europa.

Charmosa, sofisticada e envolta numa paisagem de montanhas que cortam o fôlego, Turim é o equilíbrio perfeito entre tradição e modernidade — e merece, sem dúvida, um lugar no teu roteiro italiano.

De capital do Reino a cidade moderna: a história de Turim

A história de Turim começa bem antes da Itália que hoje conhecemos. Em 218 a.C., Aníbal atravessava as planícies do Piemonte com os seus elefantes, enquanto uma pequena povoação de casas de madeira resistia no local onde hoje se ergue a cidade. Mais tarde, já sob o domínio romano, essa povoação transformou-se na colónia de Augusta Taurinorum, fundada oficialmente em 28 a.C., com ruas em traçado ortogonal — uma herança urbana ainda visível no centro histórico.

Com a queda do Império Romano, Turim passou pelas mãos dos ostrogodos, lombardos e francos, tornando-se um principado episcopal numa encruzilhada estratégica entre o norte e o sul da Europa. Em 1280, entrou definitivamente na órbita da Casa de Sabóia, e foi no século XVI, com o duque Emanuel Filiberto, que a cidade ganhou novo protagonismo ao ser escolhida como capital do Ducado de Sabóia.

A partir daí, Turim floresceu. Grandes arquitetos como Guarino Guarini e Filippo Juvarra foram chamados a projetar palácios, igrejas e praças que ainda hoje definem a elegância da cidade. A malha urbana ganhou ordem e grandiosidade, com avenidas amplas e pórticos intermináveis, conferindo-lhe um estilo aristocrático único em Itália.

No século XIX, Turim tornou-se o centro do movimento que levou à unificação italiana — o Risorgimento — e foi escolhida como a primeira capital do novo Reino de Itália, entre 1861 e 1865. Com a unificação, a cidade conheceu uma nova vaga de crescimento, especialmente industrial.

Em 1899 nasceu a FIAT — Fabbrica Italiana Automobili Torino — que rapidamente transformou Turim na capital da indústria automóvel italiana. O cinema também encontrou aqui terreno fértil, com a fundação da Ambrosio Film, a primeira produtora italiana.

Durante as duas guerras mundiais, Turim sofreu bombardeamentos intensos, e foi palco de resistência e repressão. Mas a cidade voltou a erguer-se, impulsionada por mais uma fase de desenvolvimento económico no pós-guerra, recebendo milhares de trabalhadores vindos do sul do país.

Hoje, ao passear por Turim, sentimos todas estas camadas de história: da Turim romana à cidade real, da capital da indústria à metrópole cultural. Cada praça, palácio ou café conta um episódio de um passado que continua vivo — e que torna esta cidade verdadeiramente única.

COMO CHEGAR A TURIM: TODAS AS OPÇÕES

  • De avião

Turim é servida pelo Aeroporto Internacional de Turim-Caselle (TRN), situado a cerca de 16 km do centro da cidade. Existem voos diretos a partir do Porto.

Do aeroporto até ao centro da cidade, há várias opções práticas:

– Autocarro (SADEM) – Uma escolha cómoda e direta. O autocarro liga o aeroporto à estação Porta Nuova em cerca de 45 minutos. O bilhete custa à volta de 7,50 € (ou 11 € ida e volta, se comprares logo ambos).

– Comboio (Trenitalia) – Uma alternativa rápida e económica. Os comboios partem a cada 30 minutos, a partir das 6h da manhã, e fazem o percurso até à estação Porta Susa em cerca de 30 minutos. O bilhete ronda os 3,70 €.

– Táxi – Ideal se preferires mais conforto ou se viajares com muita bagagem. A viagem dura cerca de 30 minutos, dependendo do trânsito, e o preço varia entre 30 € e 50 €, consoante o destino final.

  • De comboio

Turim tem uma localização privilegiada, a poucos quilómetros de Milão, do Mar Lígure e da fronteira francesa, o que a torna facilmente acessível tanto a nível nacional como internacional.

A cidade está bem servida por ligações ferroviárias de alta velocidade, operadas pela Trenitalia e pela Italo Treno, que a conectam a cidades como Milão, Bolonha, Veneza, Florença e Roma, entre outras. Para quem vem de França, há também comboios diretos a partir de Lyon e Paris.

Além dos comboios rápidos, há ainda comboios regionais, perfeitos para quem quiser explorar outras cidades pelo caminho, com paragens em locais menos turísticos mas igualmente encantadores.

  • De autocarro

Para quem procura uma opção económica para chegar a Turim, o autocarro é uma excelente escolha. Existem várias linhas que ligam as principais cidades italianas à capital do Piemonte, com preços bastante acessíveis — especialmente para quem parte do norte de Itália.

A FlixBus, por exemplo, tem bilhetes entre Milão e Turim a partir de 3,98 €, com várias opções de horários ao longo do dia. A mesma empresa oferece ainda uma ligação direta entre o aeroporto de Milão Malpensa e Turim, com preços desde 10,98 €, o que pode ser útil para quem aterra em Milão mas pretende seguir viagem até Turim.

Outras companhias que operam rotas semelhantes incluem a Marino Bus, Autostradale e Itabus, todas com boas alternativas em termos de horários e tarifas.

  • De carro

Se preferir viajar com maior liberdade e autonomia, chegar a Turim de carro é também uma opção viável — especialmente para quem já está em Itália ou nos países vizinhos. A cidade tem boas ligações rodoviárias com outras cidades italianas e também com França e Suíça. No entanto, ao aproximares-te do centro histórico, é importante estar atento às zonas de tráfego limitado (ZTL), onde apenas podem circular veículos autorizados.

Além disso, grande parte do centro e das zonas adjacentes estão sujeitas a estacionamento pago, por isso convém planear com antecedência onde estacionar ou optar por alojamento com parque incluído.

COMO SE DESLOCAR EM TURIM: TRANSPORTES E DICAS ÚTEIS

Turim é uma cidade relativamente plana, ideal para ser explorada a pé. Grande parte das atrações turísticas encontra-se concentrada no centro histórico, o que torna os passeios a pé não só viáveis, como também muito agradáveis. Para os locais mais afastados, ou quando os pés pedirem descanso, podes contar com uma rede eficiente de transportes públicos — composta por autocarros, elétricos e uma linha de metro — todos geridos pela empresa GTT (Gruppo Torinese Trasporti).

Se pretenderes usar os transportes com regularidade, compensa adquirir um passe: Bilhete diário (Biglietto Giornaliero) – válido por 24h, com viagens ilimitadas: cerca de 4€. Passes de 2 ou 3 dias – ideais para estadias curtas e uso intensivo de transportes. Os bilhetes são válidos para metro, autocarros e elétricos, e podem ser comprados nas estações, no site ou através da app GTT TO Move.

Se decidires alugar um carro ou estiveres a viajar com viatura própria, tem em conta que o centro histórico e algumas zonas, como os arredores do Castello del Valentino, são Zonas de Tráfego Limitado (ZTL) e apenas veículos autorizados podem circular nestas áreas. O estacionamento é quase sempre pago nas zonas centrais. Existem apps como EasyPark, MyCicero ou Telepass Pay que te ajudam a localizar lugares e a pagar o estacionamento de forma prática.

QUANDO VISITAR TURIM: A MELHOR ALTURA PARA CONHECER A CIDADE

Rodeada pela imponente cadeia dos Alpes, Turim tem um clima marcado por invernos frios e húmidos e verões quentes e abafados. Por isso, as melhores alturas para visitar a cidade são a Primavera (abril a junho) e o Outono (setembro a outubro) — quando as temperaturas estão mais amenas e os dias são perfeitos para explorar a cidade a pé.

Ainda assim, Turim é uma cidade com encanto em todas as estações: no inverno, oferece cenários românticos, montanhas cobertas de neve por perto e um ambiente acolhedor nos cafés históricos; no verão, o movimento nas praças e esplanadas dá-lhe uma energia vibrante.

QUANTOS DIAS FICAR EM TURIM: O TEMPO IDEAL PARA EXPLORARES A CIDADE

Três dias são o tempo ideal para explorar Turim com calma, visitar os principais museus, passear pelas praças elegantes e desfrutar dos emblemáticos cafés históricos. É uma cidade que convida a ser saboreada sem pressas — e três dias permitem absorver o melhor do seu charme aristocrático e da sua atmosfera cultural.

ONDE FICAR EM TURIM: AS MELHORES ZONAS

Turim oferece uma vasta gama de alojamentos espalhados por bairros com estilos muito distintos. Ficar no centro histórico é a opção mais prática, já que permite explorar a maioria das atrações a pé. Mas há outras zonas que também merecem atenção:

– San Salvario – ideal para quem procura uma zona vibrante, com vida noturna, ambiente multicultural e uma atmosfera boémia.

– Crocetta e San Donato – bairros mais calmos e residenciais, perfeitos para quem prefere tranquilidade, sem ficar longe do centro.

– Vanchiglia – junto ao rio Pó, é um bairro criativo e alternativo, conhecido pelas suas lojas vintage, cafés acolhedores e ambiente artístico.

TORINO CARD: O PASSE TURÍSTICO QUE TE PODE FAZER POUPAR

Se tencionas visitar vários museus, palácios e atrações em Turim, vale a pena considerar a aquisição do Torino+Piemonte Card. Este cartão está disponível nas versões de 1, 2, 3 ou 5 dias e oferece entrada gratuita ou com desconto em dezenas de locais culturais, além de promoções em serviços turísticos.

Antes de o adquirires, faz uma lista das atrações que queres visitar e compara o preço individual de cada bilhete com o custo do cartão. Leva também em conta o tempo que terás disponível e se pretendes visitar locais mais afastados, que exigem transporte. O período de validade do cartão inicia-se com a primeira utilização, por isso planeia bem para aproveitar ao máximo!

O QUE FAZER EM TURIM EM 1 DIA: ROTEIRO ESSENCIAL

O que fazer em Turim, a cidade das mil faces? Capital antiga da Sabóia, berço do Risorgimento, potência da indústria e um polo de inovação repleto de arte e cultura no Norte de Itália. Com essa imensa herança, herdada de séculos de história, e o dinamismo de uma cidade aberta ao mundo, Turim surpreende quem a visita, combinando monumentos imponentes, museus, galerias, mercados vibrantes e cafés históricos cheios de charme.

Se tiveres apenas 1 dia em Turim, tens duas opções: dar um passeio pela cidade e admirar os seus monumentos de fora, ou concentrar-te nas 2 ou 3 principais atrações. Eu escolhi a primeira opção e fiquei com muita vontade de voltar para conhecer os seus museus e explorar locais mais distantes do centro.

Deixo-te agora algumas sugestões do que não perder no centro da cidade, e também algumas ideias se tiveres mais tempo e quiseres descobrir outros encantos da capital piemontesa.

  • Piazza Castello: o coração histórico de Turim

Localizada no coração da cidade de Turim, a Piazza Castello é a praça mais importante da cidade e a segunda maior, com cerca de 40.000 m². Projetada pelo arquiteto Ascanio Vitozzi em 1584, foi por vários séculos o centro da vida aristocrática durante o reinado da Casa de Sabóia. Além disso, é aqui que convergem quatro das avenidas mais emblemáticas da cidade: a elegante Via Roma (conhecida pelas lojas de marcas), a Via Pietro Micca, a movimentada Via Garibaldi (totalmente pedonal) e a encantadora Via Po.

Cercada em três dos seus quatro lados pelas típicas arcadas de Turim, a praça é ladeada por alguns dos edifícios mais emblemáticos da cidade: o imponente Palazzo Reale, o histórico Palazzo Madama, o Teatro Regio (uma das mais importantes casas de ópera de Itália), o Palazzo della Prefettura e a belíssima Igreja de San Lorenzo, com a sua cúpula barroca inconfundível.

como o Palazzo Madama ou o Palazzo Reale. No Verão, esta praça também é popular por seus refrescantes jatos de água ou como um ótimo lugar para desfrutar de um bom sorveto italiano. Do outro lado da Piazza Castello, onde as torres do Palazzo Madama estão localizadas, você pode ver o memorial da Primeira Guerra Mundial, em homenagem a Emanuele Filiberto, 2º Duque de Aosta.

  • Palazzo Reale e Museus Reais: a grandiosidade da Casa de Sabóia em Turim

Localizado na Piazzetta Reale, uma extensão da icónica Piazza Castello, o Palazzo Reale é um magnífico edifício do século XVI que foi o coração da vida da Casa de Sabóia e o centro do poder real por mais de três séculos. Considerado um dos palácios mais ricos e luxuosos de Itália, foi sendo ampliado e remodelado ao longo do tempo, reunindo estilos arquitetónicos que vão do Renascimento ao Barroco e ao Neoclássico.

Com a unificação italiana, o palácio tornou-se residência oficial dos reis até à transferência da capital para Roma. Atualmente, é Património Mundial da UNESCO e integra o complexo museológico Museus Reais de Turim, que reúne algumas das maiores riquezas culturais da cidade.

O conjunto inclui:

– Palazzo Reale – com os sumptuosos apartamentos reais e a sala do trono

– Armeria Reale – uma das maiores coleções de armas e armaduras do mundo

– Biblioteca Reale – que guarda preciosidades como o famoso autorretrato de Leonardo da Vinci

– Sale Chiablese – espaço para exposições temporárias

– Cappella della Sindone – a impressionante capela barroca que guardou o Santo Sudário

– Galleria Sabauda – uma das mais importantes pinacotecas (galeria de pinturas) do país

– Museo di Antichità – com artefactos arqueológicos desde a pré-história até à época romana

– Giardini Reali – os jardins do palácio, ideais para uma pausa entre visitas

Dica: antes da visita, consulta os horários no site oficial dos Museus Reais, pois podem variar consoante o espaço. A compra antecipada dos bilhetes online é recomendada para evitar filas.

  • Igreja de San Lorenzo: uma joia barroca no coração de Turim

Mesmo ao lado do Palazzo Reale, encontra-se a Real Chiesa di San Lorenzo, uma joia do barroco piemontês encomendada pelos Sabóia. A construção teve início em 1634 e foi concluída em 1680, sendo da autoria de Guarino Guarini, um dos arquitetos mais inovadores do seu tempo.

A igreja destaca-se pela sua impressionante cúpula, apoiada em oito pilares que formam uma elegante rede geométrica — uma estrutura que evoca tanto mesquitas islâmicas como igrejas românicas espanholas.

A história deste templo cruza-se com a do Santo Sudário, que aqui foi guardado durante algum tempo após a sua chegada a Turim, antes de ser transferido para a Capela do Santo Sudário.

  • Galleria Sabauda: o museu de arte que revela a alma de Turim

Integrada no complexo dos Museus Reais de Turim, a Galleria Sabauda é uma das mais prestigiadas pinacotecas de Itália. Fundada em 1832, a galeria nasceu com o objetivo de reunir as obras de arte pertencentes à família real, provenientes do Palazzo Reale de Turim e do Palazzo Durazzo de Génova, adquirido pela Casa de Sabóia. Ao longo do século XIX, o acervo foi sendo enriquecido com diversas doações e aquisições. Hoje, a coleção inclui obras de grandes mestres italianos e flamengos, como Gerrit Dou, Jan van Eyck, Rubens e Rembrandt, tornando-se um verdadeiro tesouro para os amantes de pintura.

  • Palazzo Madama e Casaforte degli Acaja: do medieval ao barroco

Também situado na emblemática Piazza Castello, o Palazzo Madama é um dos edifícios mais representativos da cidade de Turim e um verdadeiro símbolo da história piemontesa. Classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1997, integra o conjunto das residências da Casa de Sabóia e distingue-se pela sua arquitetura singular, resultado da fusão entre dois edifícios distintos: o barroco Palazzo Madama e a medieval Casaforte degli Acaja.

Originalmente, este local era uma das portas de entrada da cidade romana, que ao longo dos séculos foi transformada numa fortaleza medieval e posteriormente adaptada em castelo pelos príncipes de Acaja. No interior, é possível identificar várias estruturas da época medieval, graças ao uso de pisos e paredes de vidro que revelam as fundações históricas do edifício.

O palácio foi ainda sede do primeiro Senado do Estado italiano unificado e alberga atualmente o Museu Cívico de Arte Antiga, com um acervo de mais de 70 mil obras que percorrem a história da arte desde o período bizantino até ao século XIX. As coleções estão organizadas em diferentes itinerários dedicados à história, à arquitetura e às artes decorativas.

Um dos pontos altos da visita é a subida à torre medieval, de onde se obtém uma vista panorâmica sobre a cidade — com destaque para a icónica Mole Antonelliana.

Horários e bilhetes disponíveis no site oficial do museu.

  • Via Garibaldi: a artéria pedonal mais vibrante de Turim

Ao sair da Piazza Castello, junto à Igreja de San Lorenzo, deparamo-nos com a Via Garibaldi — uma das ruas mais antigas e importantes de Turim. Com cerca de 1 km de extensão, esta via pedonal liga o centro histórico à Piazza Statuto, e é hoje uma das principais zonas comerciais da cidade. A sua origem remonta ao período romano, quando era conhecida como Decumanus Maximus, a via principal da antiga cidade romana de Julia Augusta Taurinorum.

Ao longo dos séculos, a rua foi ganhando relevância estratégica e económica, tendo sido rebatizada em honra de Giuseppe Garibaldi, herói da unificação italiana. Atualmente, é uma artéria animada, repleta de lojas, cafés e palácios históricos, ideal para passear tranquilamente e absorver a atmosfera urbana de Turim. Além de ser um ótimo local para fazer compras, a Via Garibaldi oferece pequenos recantos que revelam o passado da cidade, como igrejas discretas e edifícios de época que passaram por diversas transformações ao longo da história.

No final da Via Garibaldi encontra-se a Piazza Statuto, uma das praças mais emblemáticas de Turim, conhecida pela sua simetria e por estar associada a lendas e simbolismos mais sombrios — alguns até dizem que é o ponto “esotérico” da cidade.

  • Santuário della Consolata: um refúgio de fé e beleza barroca

Conhecida também como Igreja de Santa Maria della Consolazione, o Santuário della Consolata é um dos lugares de culto mais antigos e emblemáticos de Turim. A sua origem remonta ao início da era cristã, tendo sofrido ao longo dos séculos diversas intervenções e transformações. No século XVIII, o célebre arquiteto Filippo Juvarra deu-lhe o toque barroco que hoje predomina no interior da igreja, criando uma fusão harmoniosa de estilos. A fachada neoclássica, a torre sineira de estilo românico e o exuberante interior barroco criam um conjunto arquitetónico verdadeiramente singular. No topo da sua torre encontra-se o maior sino do Piemonte.

  • Caffè Al Bicerin: onde nasceu a bebida mais emblemática da cidade

Mesmo em frente ao Santuário della Consolata encontra-se o encantador Caffè Al Bicerin, um dos cafés históricos mais emblemáticos de Turim. Fundado em 1763, este pequeno espaço tornou-se célebre não só pela sua atmosfera acolhedora e pela decoração que nos transporta no tempo, mas também por ter sido frequentado por figuras marcantes da história italiana. A sua especialidade é o Bicerin, uma bebida quente típica da cidade, feita com café, chocolate derretido e creme de leite. Embora os ingredientes sejam conhecidos, as proporções exatas permanecem um segredo bem guardado. Para acompanhar, há sempre uma seleção de doces piemonteses, como o bolo Bicerin ou os tradicionais canestrelli. Uma paragem obrigatória para quem quer saborear Turim com todos os sentidos.

  • Porta Palatina: um dos vestígios romanos mais bem preservados do norte de Itália

A Porta Palatina é uma das principais relíquias arqueológicas da era romana em Turim e está entre os portões romanos do século I a.C. mais bem preservados do mundo. Construída na época do imperador Augusto, fazia parte dos quatro antigos acessos à cidade murada e permitia a entrada pela zona norte. A estrutura inclui duas entradas centrais para carroças, passagens pedonais e duas torres flanqueadoras, às quais foram adicionados parapeitos durante a Idade Média. No interior, ainda se podem ver algumas das pedras da antiga pavimentação romana. Uma estátua de Júlio César — presente de Benito Mussolini em 1935 — adorna atualmente o local. A Porta foi restaurada em 2006 e passou a integrar o percurso do Museo Archeologico, que inclui também as ruínas de um antigo teatro romano.

  • Duomo di Torino: a catedral do Santo Sudário

A poucos passos da Piazza Castello e dos Museus Reais, encontra-se a Catedral de Turim, dedicada a São João Batista, o padroeiro da cidade. Trata-se da única igreja em estilo renascentista da capital piemontesa e alberga uma das relíquias mais veneradas do mundo cristão: o Santo Sudário — um pedaço de linho que, segundo a tradição, teria envolvido o corpo de Jesus após a sua crucificação, conservando a impressão do seu rosto.

A construção da catedral teve lugar entre 1491 e 1498 e, já no século XVII, foi ampliada para acolher o Sudário, trazido para Turim pela Casa de Sabóia. A impressionante cúpula barroca que protege a relíquia foi desenhada por Guarino Guarini. Em 1997, um incêndio destruiu grande parte da cúpula e da capela, obrigando a uma extensa restauração que devolveu ao conjunto a sua imponência original.

Atualmente, o Sudário não se encontra exposto: está guardado numa sala ao lado do altar, em condições extremamente controladas — uma caixa à prova de bala, hermética, sem ar e com gás inerte, protegida da luz e de agentes externos. Uma réplica encontra-se disponível para observação. A decisão de expor publicamente a relíquia cabe ao Papa, que é seu proprietário desde a doação feita pela Casa de Sabóia em 1983, sendo essas exibições raras e solenes.

A entrada na Catedral de Turim é gratuita. Já a Capela do Santo Sudário, acessível através dos Museus Reais (entrada pelo Palácio Real), exige bilhete pago.

  • Mercado de Porta Palazzo: o maior mercado ao ar livre da Europa

A poucos minutos do centro histórico encontra-se o Mercado de Porta Palazzo, um dos segredos mais autênticos de Turim. Considerado o maior mercado ao ar livre da Europa, reúne diariamente dezenas de bancas com produtos frescos, desde frutas, legumes, queijos e carnes, até especiarias, flores e produtos do mundo inteiro — reflexo da diversidade cultural da cidade.

Além da zona ao ar livre, o mercado conta ainda com uma área coberta (o Mercato Centrale) onde é possível experimentar especialidades locais em ambiente mais moderno, ideal para uma pausa com sabor piemontês.

Não se trata de um ponto monumental, mas de um lugar para mergulhar no quotidiano dos habitantes de Turim. Se gostas de sentir o pulsar real das cidades que visitas, este é o sítio certo para observar a dinâmica local.

  • Galerias Cobertas de Turim: joias arquitetónicas escondidas

As galerias cobertas de Turim são uma curiosidade arquitetónica que faz parte da identidade da cidade e que recordam as passagens parisienses do século XIX. Estas elegantes passagens entre edifícios, cobertas por tetos de vidro trabalhado que deixam entrar a luz natural, criam um ambiente encantador e protegido da chuva — ideal tanto para os dias soalheiros como para os mais cinzentos. Muitas destas galerias foram construídas para ligar zonas importantes da cidade e oferecer abrigo às elites que passeavam ou faziam compras. Hoje, continuam a ser um refúgio charmoso, com cafés históricos, restaurantes acolhedores, lojas e até salas de cinema. Entre as mais bonitas e emblemáticas da cidade destacam-se:

– Galleria Subalpina – inaugurada em 1874, liga a Piazza Castello à Piazza Carlo Alberto. É uma das mais elegantes e cinematográficas, com uma cúpula central em ferro e vidro e um charme à antiga. No seu interior encontra-se o Cinema Romano, um dos mais antigos da cidade.

– Galleria San Federico – construída nos anos 1930, liga a Via Roma à Via Bertola. Aqui encontram-se lojas sofisticadas e o histórico Cinema Lux. O teto em vidro, os arcos e colunas conferem-lhe um ambiente sofisticado e nostálgico.

– Galleria Umberto I – menos conhecida, mas igualmente charmosa. Situa-se junto ao Hospital Mauriziano e foi inaugurada no final do século XIX. Menos movimentada, é ideal para um momento mais tranquilo.

Estas galerias são testemunho do passado aristocrático da cidade e mantêm vivo o espírito elegante da Turim de outros tempos.

  • Palazzo Carignano: berço do Risorgimento italiano

O Palazzo Carignano é um dos edifícios históricos mais emblemáticos de Turim, tanto pela sua arquitetura distinta como pelo seu papel crucial na história da Itália. Construído em 1679 por ordem de Emanuele Filiberto de Saboia, é um raro e marcante exemplo do barroco piemontês, projetado por Guarino Guarini, com uma fachada curva em tijolo que o torna imediatamente reconhecível.

Este palácio foi o local de nascimento de Carlos Alberto e de Vítor Emanuel II, o primeiro rei da Itália unificada. Hoje, alberga o Museo Nazionale del Risorgimento Italiano, o mais importante museu dedicado à Unificação Italiana (1815–1871). Fundado em 1878, o museu apresenta uma vasta coleção de armas, bandeiras, uniformes, documentos históricos — incluindo o manuscrito original do hino nacional italiano “Il Canto degli Italiani” — e diversas obras de arte.

Situado entre a Biblioteca Nazionale Universitaria e o Teatro Carignano, o edifício integra o circuito das Residências da Casa Real de Saboia, inscritas na Lista do Património Mundial da UNESCO desde 1997.

  • Museu Egípcio: tesouros faraónicos no coração de Turim

O Museu de Antiguidades Egípcias de Turim, instalado no histórico Palazzo dell’Accademia delle Scienze, um edifício do século XVII, é reconhecido como o segundo mais importante museu egípcio do mundo, a seguir ao do Cairo. Apesar da sua fundação oficial ter acontecido apenas em 1824, por iniciativa do rei Carlo Felice de Saboia, a coleção egípcia começou a formar-se já dois séculos antes, graças a peças adquiridas pela Casa de Sabóia. O núcleo inicial foi significativamente ampliado com a aquisição de 5.628 artefactos reunidos por Bernardino Drovetti, cônsul de França no Egito. Esta coleção foi posteriormente enriquecida por contribuições significativas de figuras como Jean-François Champollion, considerado o pai da egiptologia, e Ernesto Schiaparelli, um destacado arqueólogo italiano, que liderou inportantes escavações no Egipto, entre 1900 e 1920, trazendo para Turim achados notáveis, incluindo o túmulo intacto de Kha e Merit.

Atualmente o museu alberga cerca de 40000 artefactos, com aproximadamente 3300 em exposição nas salas principais e cerca de 12000 nas Galerias de Cultura Material. O percurso expositivo estende-se por 12000 m² distribuídos por 4 andares, oferecendo aos visitantes uma viagem cronológica que abrange desde o período pré-dinástico até à era copta. Entre os destaques da coleção estão estátuas monumentais, sarcófagos intricadamente decorados, múmias bem preservadas, extensos papiros, amuletos e joias que testemunham a riqueza da civilização egípcia.

Após uma extensa renovação concluída em 2015, o museu modernizou as suas instalações para proporcionar uma experiência imersiva e educativa. Os visitantes podem optar por visitas guiadas ou explorar o museu autonomamente, aproveitando as diversas ferramentas interativas disponíveis. Para informações sobre horários e preços consulta o site oficial.

Dica: A visita completa pode demorar entre 2 a 3 horas, por isso é ideal reservares algum tempo só para ele.

  • Piazza San Carlo: a praça mais elegante da cidade

Dedicada a San Carlo Borromeo, cardeal e arcebispo de Milão, desde 1618, a Piazza San Carlo é considerada uma das mais belas e elegantes praças de Turim — e não por acaso é apelidada de “Il Salotto di Torino”, ou seja, “A Sala de Estar de Turim”.

Ao longo dos séculos, recebeu vários nomes: inicialmente chamada Piazza Reale, depois Piazza d’Armi, e Place Napoléon durante o domínio napoleónico. A praça foi oficialmente inaugurada em 1638 e representava o desejo do Duque de Sabóia de expandir a cidade para sul, após Turim se tornar capital do Ducado.

De planta retangular, tem no seu centro uma imponente estátua equestre de Emanuele Filiberto, Duque de Sabóia, criada no século XIX por Carlo Marochetti. No lado sul destacam-se as duas igrejas “gémeas” em estilo barroco: a Igreja de San Carlo, construída em 1619, e a de Santa Cristina, concluída em 1639 — apesar de parecerem idênticas, apresentam diferenças subtis nos detalhes arquitetónicos.

As arcadas que percorrem os edifícios em redor abrigam lojas sofisticadas e cafés históricos onde, ao longo dos séculos, se reuniram nobres, intelectuais, artistas e políticos. A praça foi também palco de vários acontecimentos marcantes na história da cidade e, ainda hoje, recebe eventos culturais e manifestações públicas.

  • Cafés históricos de Turim: entre elegância e tradição

Turim é conhecida não só pela sua elegância e arquitetura, mas também pela tradição dos cafés históricos que atravessaram séculos de história e continuam a ser símbolos vivos da cidade. Muitos deles foram palco de encontros entre aristocratas, intelectuais, artistas e políticos, sobretudo durante o período em que Turim foi capital de Itália. Entrar num destes cafés é fazer uma verdadeira viagem no tempo — entre espelhos antigos, boiseries (painéis de madeira ornamentados), tapeçarias de cetim e porcelanas finas, onde o tempo parece abrandar.

Alguns dos cafés históricos mais emblemáticos da cidade incluem:

– Caffè Al Bicerin (1793): um dos mais antigos e autênticos da cidade, famoso pela criação da bebida que lhe dá nome. Num ambiente acolhedor e intimista, é possível provar doces típicos como o bolo Bicerin ou os canestrelli piemonteses, rodeado de velas, mármore e prata.

– Caffè San Carlo (1822): situado na Piazza San Carlo, destaca-se pelos seus interiores imponentes e sofisticação, sendo um local de eleição para quem aprecia uma atmosfera clássica.

– Caffè Fiorio (1780): ponto de encontro da aristocracia e da classe política no século XIX, era conhecido como o “Café dos Conservadores”. Hoje mantém o charme e continua a ser muito apreciado.

– Caffè Baratti & Milano (1875): fundado por dois mestres chocolateiros, é um verdadeiro templo para os amantes de doces e chocolate, com um ambiente sumptuoso no interior das Galerias Subalpina.

– Caffè Mulassano (1907): também na Piazza Castello, é conhecido por ter criado o tramezzino, um tipo de sanduíche que se tornou um clássico italiano. No seu interior, destaca-se um curioso relógio com números dispostos aleatoriamente e apenas um ponteiro.

– Caffè Platti (1870): um dos locais mais refinados de Turim, frequentado por figuras proeminentes ao longo do século XX. Ideal para uma pausa elegante.

Se estiveres em Turim por alguns dias, não deixes de parar num destes cafés. Mais do que locais para tomar café, são espaços onde a história e a tradição da cidade se sentem em cada detalhe.

  • Mole Antonelliana: do símbolo arquitetónico ao mundo do cinema

A Mole Antonelliana é uma das construções mais icónicas da cidade e constitui o símbolo de Turim por excelência. Este edifício bizarro e fascinante tem 167,5 metros de altura e é um dos edifícios mais altos de Itália e a construção de alvenaria mais alta da Europa. Em italiano a palavra “Mole” significa construção grandiosa e maciça e deve o seu nome ao arquiteto que o projetou, Alessandro Antonelli e foi projetado em 1863, mas só concluído em 1889. O edifício foi inicialmente concebido para ser sede de uma sinagoga da Comunidade Israelita de Turim. Ao longo dos anos o projeto original sofreu muitas alterações e passou dos 47 metros originais para os atuais 167,5 metros com a consequente adição do pináculo. Após um terramoto em 1887, foi necessário um reforço estrutural para permitir que o terreno suportasse o enorme peso do edifício. Devido aos custos excessivamente elevados, embora ainda em construção, o edifício passou a ser propriedade da Câmara Municipal que concluiu a obra em 1900. As obras de consolidação do betão armado na década de 193 foram a causa da eliminação da esplêndida decoração interior. Em 1953, um violento furacão fez cair ao solo o pináculo de 47 metros que em 1961 foi reconstruído com uma estrutura metálica interna. No seu interior foi construído em 1961 um elevador panorâmico com paredes transparentes, para as comemorações do centenário da Unificação da Itália, que permite chegar a uma plataforma posicionada acima da cúpula a 85 metros de altura. De lá é possível admirar uma vista esplêndida da cidade. Em 1996, a cidade de Turim restaurou o edifício e tornou-o sede do Museu Nacional do Cinema, o único museu dedicado à sétima arte na Itália e um dos mais visitados em Turim. O museu abriga diversas estações multimédia e interativas, raríssimas máquinas óticas pré-cinemáticas, equipamentos e materiais de cenários italianos e internacionais, bem como um vasto acervo de filmes, livros, gravuras, cartazes, pinturas e fotografias. Em 5 salas é contada a evolução do cinema com exposições que mostram os primeiros dispositivos utilizados para filmagem e edição, pósteres e muitas outras informações relacionadas a indústria cinematográfica.

O cenário excecional da Mole Antonelliana acolhe o Museu Nacional do Cinema de Turim desde 2000. O espaço expositivo é enriquecido por grandiosas instalações, jogos de luz e projeções artísticas, que agregam elementos de entretenimento e imersão à experiência educativa. O museu está organizado em áreas temáticas que se integram de forma fluída e abordam todos os principais aspetos da sétima arte, desde os seus primórdios até aos dias de hoje. A coleção permanente é constantemente enriquecida e inclui câmaras de filmagem e edição de todas as épocas e adereços originais dos grandes clássicos do cinema, enquanto o percurso dedicado às exposições temporárias desenvolve-se na rampa que sobe em direção à cúpula. Quem desejar pode iniciar ou terminar a visita acedendo ao elevador que sobe ao pequeno templo da Mole, um dos melhores pontos panorâmicos da cidade de Torino e seus arredores. O bilhete do elevador também pode ser adquirido separadamente.

Para informações sobre horários e preços consulta o site oficial.

  • Parco del Valentino e Borgo Medievale: um refúgio verde no coração de Turim

Com cerca de 420.000 metros quadrados, o Parco del Valentino é o verdadeiro coração verde de Turim. Inaugurado em 1856, foi o primeiro jardim público da Itália e continua a ser um dos espaços mais amados pelos turinenses e visitantes. Situado junto ao rio Pó — o mais extenso do país —, destaca-se pelo seu riquíssimo património naturalista, com uma flora variada e exuberante, trilhos sombreados, amplos relvados e zonas de descanso.

Mas o parque vai muito além da natureza: entre fontes ornamentadas, estátuas e monumentos, há também um espaço singular que merece uma visita — o Borgo Medievale. Trata-se de uma recriação do século XIX de uma pequena aldeia medieval, com muralhas, torres, casas, igrejas e até uma ponte levadiça. Foi construída entre 1882 e 1884 para a Exposição Geral Italiana e, embora inicialmente tivesse sido planeada como estrutura temporária, acabou por ganhar vida própria. Desde 1942 é um museu cívico único, e em 1996 ganhou também um jardim de inspiração medieval que complementa o ambiente encantador do local.

A vila transporta-nos numa verdadeira viagem no tempo, com oficinas artesanais (de ferro forjado, cestaria e tipografia), lojas de produtos regionais e a Strada Reale dei Vini Torinesi, onde é possível comprar vinhos e delícias locais. Parte da vila é de acesso gratuito, mas para visitar o interior da fortaleza e o museu é necessário bilhete.

Além do Borgo, o parque alberga também o elegante Castelo Valentino, antiga residência de verão da Casa de Sabóia e Património da Humanidade pela UNESCO. Hoje é sede da Faculdade de Arquitetura da Universidade Politécnico de Turim. Também merece destaque o Jardim Botânico de Turim, que pode ser visitado na primavera e verão.

Entre os monumentos que encontramos ao longo do parque, destacam-se a estátua de Massimo D’Azeglio, os bustos de Ascanio Sobrero (descobridor da nitroglicerina) e de Cesare Battisti, o Arco do Artilheiro (ou Arco do Valentino, comparado ao Arco do Triunfo francês) e a romântica Fonte dos Doze Meses, uma bacia rococó rodeada por doze esculturas que representam os meses do ano.

  • Piazza Vittorio Veneto: vistas deslumbrantes junto ao rio Pó

A Piazza Vittorio Veneto é a maior praça de Turim e um dos seus pontos mais animados. Localizada junto ao rio Pó, oferece uma vista encantadora para a Ponte Vittorio Emanuele I, a igreja da Gran Madre di Dio e as colinas verdes que rodeiam a cidade. Ao final do dia, o cenário torna-se ainda mais mágico com as cores do pôr do sol refletidas nas águas do rio.

O nome da praça homenageia a Batalha de Vittorio Veneto, travada entre 24 de outubro e 3 de novembro de 1918, um dos episódios decisivos que levaram ao fim da Primeira Guerra Mundial e à queda do Império Austro-Húngaro.

Atualmente, é uma zona muito procurada tanto por locais como por visitantes, graças aos seus muitos bares, cafés e restaurantes, ideais para uma pausa durante o dia ou para aproveitar a noite turinesa.

  • Igreja da Gran Madre di Dio: um ícone neoclássico às margens do Pó

Situada do outro lado do rio Pó, a imponente igreja da Gran Madre di Dio é um dos símbolos mais icónicos de Turim. Foi construída a partir de 1814 para celebrar o regresso do rei Vittorio Emanuele I após a vitória sobre Napoleão. O edifício, de estilo neoclássico, foi inspirado no Panteão de Roma, com uma fachada grandiosa e uma cúpula imponente que domina a paisagem.

O interior da igreja é dedicado à Virgem Maria e apresenta vários baixos-relevos que ilustram episódios da sua vida. Mas não é só pela sua beleza arquitetónica que esta igreja atrai visitantes: está envolta em mistério e associada à famosa lenda do Triângulo da Magia de Turim. Diz-se que as duas estátuas à entrada apontam o local onde estará escondido o Santo Graal, o que alimenta ainda mais o fascínio por este lugar enigmático.

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  • Monte dei Cappuccini: um refúgio tranquilo com vista para Turim

Situado numa colina em frente ao rio Pó, o Monte dei Cappuccini é um dos melhores miradouros de Turim, oferecendo uma vista panorâmica imperdível da cidade, especialmente ao pôr do sol. Localizado a cerca de 700 metros da igreja Gran Madre di Dio, é um ponto de paragem ideal para quem quer contemplar Turim a partir das alturas.

O nome desta colina deve-se ao facto de ter sido doada aos Frades Menores Capuchinhos pela Casa de Sabóia, que ali mandou construir uma igreja e um convento. A Chiesa di Santa Maria del Monte dei Cappuccini, localizada no topo, começou a ser construída em 1583, mas só foi concluída em 1656, após várias décadas de obras.

Ao lado da igreja encontra-se o Museo Nazionale della Montagna “Duca degli Abruzzi”, um espaço dedicado à história do alpinismo e ao turismo de montanha, com uma exposição permanente que aborda a cultura alpina, expedições históricas e a relação entre o ser humano e as montanhas.

Este é um local que combina espiritualidade, natureza e cultura — e uma paragem obrigatória para quem deseja ver Turim de uma perspetiva diferente.

  • Villa della Regina: uma residência real com vistas sobre Turim

Situada numa encosta com uma vista deslumbrante sobre Turim e o rio Pó, a Villa della Regina é uma joia da arquitetura barroca, construída em 1615 como residência das rainhas da Casa de Sabóia. Inspirada nas villas romanas, este elegante palácio encanta pela sua harmonia entre natureza, arte e história.

Aberta ao público, a visita à Villa della Regina revela interiores ricamente decorados, com destaque para o extraordinário guarda-roupa chinês e para a sala principal adornada com afrescos e pinturas de grandes mestres como Daniel Seiter e Giovanni Battista Crosato. No exterior, os jardins em forma de anfiteatro são um verdadeiro refúgio: entre fontes, pequenas cascatas e uma vinha histórica ainda em produção, oferecem um passeio encantador e vistas memoráveis sobre a cidade.

Para informações atualizadas sobre horários e preços, consulta o site oficial.

  • Basílica de Superga: o templo real no alto de Turim

No topo da colina de Superga ergue-se uma das obras-primas do barroco piemontês: a Basílica de Superga, construída entre 1717 e 1731 por ordem do rei Vittorio Amadeo II de Saboia e projetada pelo célebre arquiteto Filippo Juvarra. A sua construção foi um voto de gratidão à Virgem Maria pela vitória contra o cerco francês a Turim em 1706.

O exterior da basílica impressiona com a grandiosidade da cúpula barroca e a harmonia entre os elementos decorativos e a sobriedade neoclássica dos pórticos. Flanqueada por duas torres simétricas, integra também um convento, hoje ocupado pelos padres da Ordem dos Servos de Maria, guardiões do culto neste local sagrado.

No seu interior, além da decoração sumptuosa, encontra-se o Panteão Real da Casa de Saboia, com os túmulos de reis e príncipes que marcaram a história de Itália.

Mas a Basílica de Superga é também um lugar de memória trágica. Em 4 de maio de 1949, o avião que transportava a lendária equipa do Torino caiu contra a colina, vitimando todos os ocupantes. Um memorial foi erguido no local e continua a ser um ponto de peregrinação para adeptos e curiosos, sobretudo no aniversário da tragédia.

A vista a partir da colina é um dos pontos altos da visita: nos dias claros, é possível ver toda a cidade de Turim e, ao longe, os Alpes.

É possível chegar à Basílica de carro, a pé através de trilhos pela floresta, de autocarro ou através de um histórico funicular que sobe a colina a partir da estação de Sassi.

  • Museu do Automóvel de Turim: quando os carros contam histórias

O MAUTO – Museu Nacional do Automóvel de Turim – é um dos mais antigos e prestigiados museus dedicados à história do automóvel em todo o mundo. Fundado em 1960 e dedicado a Gianni Agnelli, figura central na fundação da FIAT, este museu oferece uma verdadeira viagem no tempo sobre rodas. O acervo conta com cerca de 200 veículos de 80 marcas diferentes, oriundos de 8 países (entre eles Itália, França, Reino Unido, Alemanha, Holanda, Espanha, EUA e Polónia). Entre os destaques estão um raro protótipo francês de três rodas de 1769, considerado um dos primeiros automóveis da história, e um Ferrari F310 conduzido por Michael Schumacher em 1996.

Após uma renovação em 2011, o museu ocupa hoje uma área de 19 mil metros quadrados, distribuída por três andares, com exposições que unem passado, presente e futuro da mobilidade. Além dos veículos, o espaço inclui uma biblioteca especializada, centro de documentação, auditório e uma livraria. Um local imperdível não só para os apaixonados por carros, mas também para quem quer conhecer melhor o impacto do automóvel na sociedade e na cultura italiana.

  • Allianz Stadium: la casa della Vecchia Signora

Se visitares Turim e fores fã de futebol, uma paragem menos tradicional mas bastante interessante é o Estádio da Juventus, conhecido como a “Vecchia Signora” do futebol italiano. Inaugurado em 2011, é considerado um dos estádios mais modernos da Europa, integrando a categoria 4 da UEFA, a mais alta da federação. Além da impressionante estrutura arquitetónica e tecnológica, o estádio abriga também o J-Museum, um museu interativo dedicado à história da Juventus, um dos clubes mais emblemáticos de Itália. A visita guiada permite conhecer os bastidores do estádio, desde os balneários ao relvado, oferecendo uma experiência imersiva mesmo para quem não é adepto fervoroso. Localizado fora do centro histórico, o estádio é facilmente acessível de transportes públicos ou de carro.

  • Reggia di Venaria Reale: a “Versalhes italiana” às portas de Turim

Situado nos arredores de Turim, o Palácio de Venaria Reale é um dos mais belos exemplos de arquitetura barroca italiana e faz parte do circuito das Residências da Casa Real de Saboia, reconhecido como Património Mundial da UNESCO. Mandado construir no século XVII por Carlos Emanuel II como residência de caça, o complexo é gigantesco, com mais de 80 mil metros quadrados de edifícios e 60 hectares de jardins restaurados com base em documentos históricos.

A visita leva-te por salões ricamente decorados, galerias monumentais como a impressionante Galeria de Diana (projetada por Filippo Juvarra), capelas e exposições temporárias. O espaço inclui também os Jardins da Reggia, que oferecem uma experiência tranquila entre lagos, esculturas e perspetivas arquitetónicas cuidadosamente recriadas.

É um excelente passeio para quem dispõe de mais tempo em Turim ou procura uma experiência mais imersiva na vida da corte piemontesa. A Reggia pode ser facilmente alcançada de transportes públicos a partir do centro da cidade.

Para informações atualizadas sobre horários e preços, consulta o site oficial.

TENS MAIS UNS DIAS? SUGESTÕES NOS ARREDORES A CONSIDERAR

Turim é uma excelente base para explorar algumas joias nos arredores. Aqui ficam sugestões para prolongares a tua viagem:

  • Asti – Cidade medieval no coração das colinas do Piemonte, famosa pelos vinhos e pela atmosfera tranquila.
  • Sacra di San Michele – Um dos mosteiros mais emblemáticos de Itália, no topo do Monte Pirchiriano, com vistas impressionantes e uma aura mística. Uma escapadinha de meio dia a um dia.
  • Langhe e Barolo – Para os amantes de vinho e paisagens bucólicas, esta região é um paraíso. Entre degustações, colinas cobertas de vinhas e vilas encantadoras, vale cada minuto da escapadinha.
  • Aosta e os Alpes – Ideal para quem procura natureza imponente, trilhos de montanha ou, no inverno, desportos na neve. Uma viagem que combina aventura e vistas de cortar a respiração.
  • Milão – A pouco mais de 1h de comboio, é perfeita para quem quer acrescentar um toque cosmopolita à viagem. Moda, design e uma catedral que impressiona mesmo os mais céticos.
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